MORREU ...

Há pouco tempo estava eu fazendo um trabalho para contratação de alguns funcionários para uma determinada empresa, quando me deparei com uma situação bastante estranha, talvez muito incomum para os dias de hoje.

Estava sentado fazendo as entrevistas com as pessoas, quando apareceu um sujeito bastante alto, com mais ou menos dois metros de altura, pele morena, olhos pretos, cabelos ondulados, com voz forte, que mais parecia um trovão.

Sentou-se a minha frente. Com uma boa tarde, cumprimentou-me, perguntou se eu estava bem e se havia trabalhado muito na análise das propostas de emprego.

Com minha boa educação, respondi-lhe e tive um pouco mais de atenção naquele indivíduo, porque ele era semelhante a outra pessoa que eu conhecia.

Comecei a conversar com ele. Ele se mostrou muito bem informado. Falava bem influente sobre a economia, sobre as perspectivas de sucesso no empreendimento daquela empresa e sobre a contratação de pessoas para o trabalho.

O trabalho do qual eu estava fazendo era fazer entrevistas dos candidatos para vagas de ajudantes, pedreiros e outros auxiliares para a abertura e pavimentação de uma estrada de possivelmente quarenta e cinco quilômetros. Era muita gente, possivelmente uns cinqüenta candidatos.

Iniciei minha entrevista com este elemento e fiquei um pouco surpresa com suas respostas.

Qual é o seu nome e ele, prontamente, respondeu Adelson da Silva.

Bonito nome, lembrei-lhe que possuía um tio que se chamava Adelson e um primo com o mesmo nome.

Ele me falou qual seria a origem deste nome, mas eu não pude responder porque não sabia.

Perguntei-lhe quais eram suas pretensões para o referido emprego e tive as devidas respostas todas afirmativas para uma possível admissão.

Curiosamente, perguntei se ele conhecia a região onde seria executado o trabalho e ele prontamente respondeu. Prontamente, fiquei analisando suas respostas e verifiquei uma série de fatos bem descritos.

Olha José, esta estrada vai ligar a cidade de Mata Homem à cidade do Céu Aberto. Até aqui, não estava entendendo nada, mas analisei uma pequena ligação entre Céu Aberto e Mata Homem.

Um pouco curioso, decidi aprofundar um pouco mais.

- Qual o motivo entre Céu Aberto, o Senhor conhece este lugar?

- Sim, com sua voz forte ele me disse:

- Oh, para chegar em Céu Aberto, é necessário passar na Ponte da Província, subir o morro das Almas, passar novamente na Ponte do Inferno, cruzar o bosque dos Anjos e da Esperança, atravessar o Rio das Mortes e a Serra da Boa Morte e passar na várzea do Tião Assombração. Então consegue avistar a cidade de Céu Aberto.

Meio confuso, achei estranho e perguntei:

- Adelson, quais foram seus últimos empregos, porque em sua carteira só consta como pedreiro.

- Ah, já ia me esquecendo, somente tem registro de Pedreiro, porque trabalhei na Funerária Boa Morte, fui pedreiro e coveiro de cemitério e trabalhei na fábrica de fazer caixão e velas.

Já pasmado com aquela situação, perguntei-lhe novamente:

- Atualmente, onde o Sr. Reside?

- Eu resido no Bairro Bosque da Esperança, na Rua da Sepultura, perto da Funerária Boa Morte e encostado no muro do Cemitério.

Assustado, novamente perguntei:

- O seu nome ...

- Eu me chamo Adelson dos Anjos da Silva e tenho o apelido de “MORREU’...

- Então eu disse:

- Está contratado, Sr. Morreu.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 15/01/2012
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