Arte e Cultura (?)

"Criar é, basicamente, formar. È poder dar uma forma a algo novo. Em

qualquer que seja o campo de atividade, trata-se, nesse 'novo', de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos

relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato

criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez de relacionar, ordenar, configurar, significar.(OSTROWER, 1991, p.9)."

"Um educador pode ensinar apenas aquilo que conhece e sendo assim, para que tenha sucesso na tarefa de formar leitores visuais, deve capacitar-se ele próprio no domínio dessa habilidade. O ambiente é re-transformado pelo leitor visual através do olhar diferenciado que lança sobre o que para a maioria é fixo e imutável. É necessário fazer-se analista, observador, antes de fazer-se critico.

Muitas vezes é possível elaborar aulas de Arte com muito pouco sem que se perca a qualidade do aprendizado. O excesso de estrutura em alguns casos pode até mesmo atrapalhar dependendo da proposta, pois ter várias tintas, argila, mesas para trabalhar, telas ou pincéis em abundância não são garantia de uma aula satisfatória ou produtiva.

Alguns estados da Federação, possuem suas próprias particularidades que merecem investigação e aprofundamento. Para isso será necessário que o professor em formação esteja engajado quanto às necessidades que a cultura local requer. Também precisa analisar se suas percepções dessas necessidades estão de acordo com conceitos realistas, ou se estão baseados em preconceitos ou perspectivas irreais.

Um exemplo seria a facilidade de acesso à imagem e avanços na qualidade gráfica das reproduções de obras de arte que melhoraram consideravelmente nos últimos anos, garantindo ao professor material para sua metodologia, mas que dificilmente se aplica aos educadores sem recursos como Internet ou livros atualizados em localidades distantes dos grandes centros urbanos. Há ainda o questionamento sobre a qualidade conceitual do que está ao alcance desses professores para suas aulas.

O Arte-Educador não conseguirá desempenhar sua função de forma eficiente sem assumir de fato sua identidade como tal, correndo o risco de se perder em metodologias sem foco ou levar o conteúdo como simples espontaneísmo, sem nada adicionar ou até mesmo prejudicar a formação estética, crítica e cultural dos alunos.

A visão de mundo do aluno, formada do diálogo entre sua vivência interior e os códigos exteriores apreendidos de forma crítica e consciente através da Arte, é um "letramento" tão importante quanto à alfabetização dentro da língua pátria, propiciando ao sujeito condições de (re) transformar seu meio e sua realidade, como verdadeira liberdade de escolha e avaliação das perspectivas disponíveis na comunidade em que se encontra inseridos.

Com plena consciência de seus deveres e direitos, o cidadão devidamente educado pode ser o agente modificador de uma nação verdadeiramente evoluída. Esse é o único caminho para qualquer país comprometido com progresso real e não ilusório.

Nenhum progresso verdadeiro pode ter alicerces sólidos com uma população mergulhada na ignorância de seus direitos básicos ou de seu patrimônio cultural.

O pensamento pregado precisa se refletir no campo da prática. A Arte é

construção humana, comunicadora de ideias. É texto visual. Através dela também se amplia o universo, através da adequada leitura de seus elementos e contextos. É a ampla e profunda compreensão das coisas, da vida e da sociedade que a produziu, abrindo caminho para a transformação de suas falhas e carências.

Os professores constatam no cotidiano, que a participação dos pais e da

comunidade na educação visual dos alunos tem se tornado essencial, pois muitos ainda questionam a importância da disciplina. Ficam surpresos ao constatar que há todo um planejamento e trabalho teórico no ensino, que hoje é ministrado aos seus filhos. A qualidade conceitual do que está ao alcance desses professores para suas aulas."(BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez,2003.)

Eis o texto enviado a uma aluna de um curso de graduação para sua análise.

Confira abaixo, sua resposta:

"Muito interessante essa conexão em forma de canção, realmente, tudo isto é arte pura, comida que sacia a fome, diversão que alegra o espírito e arte que encanta e extravasa o ego de quem não quer só comida, diversão e arte.

Embora equidistante da realidade objetiva de muitos, tem-se um grito que salta além da letra da música, as injustiças que assolam os menos favorecidos, que sem condições de ter uma vida abastada, clamam por diversão, não querem apenas sustentar o corpo físico, querem o supérfluo, algo que sonham, mais não podem ter.

Querem criar, modernizar, usufruir das benesses que os braços são curtos para alcançar, querem a felicidade de ter os anseios satisfeitos, de levar a vida além das paredes de um casebre em construção, de realizar esperanças vãs, de sonhos inconclusos.

Eis o grito, “a gente não quer só comida”, também, outras coisas que alentam o espirito, alegram a alma, mexem com a emoção, contemplar as belezas que são privados de compartilhar, ter acesso a cultura ao lazer. Quebrar as barreiras do impossível, as quais indicam a exclusão de alguns, enquanto outros se incluem no ápice da abastança.

Sugere a música, direitos iguais de moradia, saúde, educação, trabalho, justiça, direito de frequentar os mesmos lugares, a diversão que querem e são impedidos pelas circunstâncias de ter. Fala da liberdade de usufruir das mesmas coisas, num mesmo espaço sem discriminação quanto à roupa, a aparência, a cultura e tudo mais que a sociedade da desigualdade condena.

A habilidade de matizar essa rede de conhecimentos, é capacidade inventiva que se espera encontrar num professor habilidoso na arte de construir junto com os alunos saberes despossuídos de hegemonias, diversificados em todas as nuances, no qual viver é construir conhecimentos múltiplos, sem estar alienado a uma única ideologia.

Conectar a dura realidade com o conhecimento, é manifestar habilidade com o trabalho, que realiza, é possibilitar o divertimento e o encantamento com os desafios que compõem essa eterna luta de aprender e amadurecer relacionando as vivências com os conteúdos escolares."

E eis a conclusão que chego:

É per-fei-ta-men-te possível se fazer um caminho onde se trilhe a responsabilidade lado a lado com o conhecimento.

Estudar ainda é uma saída para se resolver questões sociais tão conflitantes e instáveis. A lei do menor esforço é cômoda para quem dela se aproveita, mas tudo acaba um dia e nada fica de quem ou do que se aproveitou nessa relação de parasitismo.

Há sim, uma possibilidade de se parar com a corrupção, com a relação de mais valia ser sempre a de custo-benefício(próprio)! e diante das tantas opções trabalhistas, se fazer algo sem necessariamente, desviar seja lá o que for...

Isso não seria uma arte?

FADA SININHO
Enviado por FADA SININHO em 22/01/2012
Reeditado em 22/01/2012
Código do texto: T3455512
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