CARNAVAL

É sábado, um dia como outro qualquer. Não, como outro qualquer não! É sábado de Zé Pereira. Ah! Como sou distraída... Nem me lembrei que desde ontem ou antes de ontem ou sei lá quando, o país está em polvorosa, festejando antecipadamente a chegada do carnaval.

Enquanto o Rio de Janeiro remexe as cadeiras embalado pelos enredos das escolas de samba, a Bahia sacode ao som do trio elétrico e Pernambuco saltita e ferve embalado pelo frevo.

Carnaval... Três dias (dependendo da cidade) de pura folia, animação, fantasia, faz-de-conta, exibição e regalia. Adrenalina total, a libido aflorada, momento propício para o aparecimento de grandes e meteóricas paixões!

As mulheres se vestem de homens e os homens de mulheres, os anônimos têm seus dias de glória sob fantasias as mais diversas, os desejos contidos no fundo da alma são postos para fora: pobres vestidos de ricos, feios se passando por bonitos, bonitos esbanjando suas belezas, homens assumindo sua homossexualidade argumentando ser pura brincadeira - às vezes é mesmo brincadeira! - mulher expondo sua masculinidade sem medo, porque esta é uma festa liberada.

Tudo é permitido e nada é condenado. Até as diferentes classes sociais neste período andam juntas, lado a lado sem problema algum - mormente no carnaval de rua - ali, suor pingando, acompanhando enlouquecidamente o trio elétrico, frevando ao som da orquestra ou desfilando pela avenida, na escola de samba. Não existe distinção, todos são foliões, amantes do carnaval. Há uma mistura de cores, de ritmos, de gostos, de cheiros, de sexos, de melodias, de raças, de classes e de sonhos.

Quem não gosta de brincar o carnaval aproveita para viajar – quando o dinheiro permite – com os amigos ou a família. Uns vão para a praia ou para o campo, outros preferem participar de retiros espirituais, onde acontecem momentos de reflexão e oração. E quem não faz opção por nenhuma dessas, fica em casa, assistindo pela TV os pólos de animação, ou aproveitam para ler ou até – quem sabe? – para não fazer absolutamente nada. O que acaba cansando... Pois não existe nada mais cansativo do que o ócio, não é mesmo? Eu, pelo menos detesto!

Bom, só resta a cada um aproveitar o feriadão da melhor forma possível ou da que mais lhe convier.

E esperar... Não pela quarta-feira de cinzas quando cai o pano e a dura realidade russurge nua e crua, mas pelo próximo feriado, que é disso que brasileiro gosta!

Selma Amaral
Enviado por Selma Amaral em 05/02/2005
Reeditado em 15/02/2006
Código do texto: T3557