Anjos voando

Uma das músicas mais conhecidas e repetidas do Padre Marcelo Rossi garante que “tem anjos voando por todo lugar, no meio da igreja, em cima do altar, subindo e descendo em todas as direções”. Pois eu testemunhei uma revoada de anjos verdadeiros. E, para isso, nem precisei entrar numa igreja. Os anjos que conheci, muitos deles vestidos de branco, realizam atendimentos no Hospital São Lucas, da PUC, mas precisamente no setor de Geriatria, onde meu pai precisou ser internado. Anjos que não medem esforços para dar todo o conforto possível para pessoas que estão sofrendo com algum tipo de doença e também para acalmar os familiares ansiosos por uma rápida melhora.

O mais interessante desta “revoada de anjos” é o atendimento quase padrão que a equipe de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e até funcionários da limpeza conseguem transmitir para todos: a dedicação é total para as tarefas que estão realizando, por mais dura que seja esta tarefa. Um sorriso e muitas palavras de carinho estão sempre prontas para serem distribuídas para os pacientes, familiares e visitantes. Cada membro da equipe realiza a parte do trabalho que lhe foi destinada na hora certa e no tempo certo. Garanto que o meu pai, se estivesse em condições de opinar sobre este atendimento, repetiria uma frase antiga que ele sempre gostou de dizer: “-Aqui, tudo funciona como um relógio”.

Mas vocês devem estar pensando: “Claro, o pai dele está internado no setor particular, através de algum convênio”. Sinto informar que está totalmente enganado quem pensou assim. O meu pai está sendo atendido pelo SUS. Todos os procedimentos realizados, desde o momento em que baixou na ala da Geriatria, foram pagos pelo SUS. A família não gastou nenhum tostão para ver o paciente assim tão bem atendido. E isso prova que, em matéria de SUS, nem tudo está perdido.

Quero pedir emprestado mais alguns trechos da bonita música do padre Marcelo Rossi para exemplificar melhor o atendimento que estamos recebendo. Quando estamos com dúvidas e não entendemos alguma coisa que está acontecendo, algum dos anjos que estão nos atendendo “já vem com a resposta nas mãos”. Naqueles momentos em que notamos que o paciente está agitado ou enfrentando algum probleminha inesperado, o toque da campainha provoca uma “revoada de anjos” na direção do leito do doente. Naqueles momentos até parece que “o céu desceu” até nós (Isso deve acontecer, também, em outros setores do hospital e em outros hospitais).

A dura experiência que estamos vivenciando nestes dias, só está sendo suportável para todos – paciente e familiares – por um motivo muito especial: desde o primeiro momento em que pisamos no hospital nós sentimos que existem anjos dedicados cuidando de cada um de nós. E é este carinho, esta solidariedade, esta doação total, que nos faz sentir, afirmar e garantir, com toda a certeza, quando estamos na ala da Geriatria, no meio de todos aqueles anjos, que: “- O próprio Deus está aqui...”.

Milton Souza
Enviado por Milton Souza em 29/01/2007
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