A MALA (Eu, Ela e a Malachila)
(SóCrates Di LimA)

Não se ouvia nenhuma manifestação,
Quando a mala estava vazia,
Por um bom tempo ela ficou ali guardada,
No fundo do guarda-roupas,
Sem excitação.
Até que um dia,
Numa segunda-feira remota,
A mala foi montada,
Que na verdade, nem é mala,
É uma mochila,
Ou, talvez, uma malachila.
Nela tudo que coube,
Até o bonito,
Ali dentro foi arrumado.
E a mala ficou ansiosa,
Toda sorridente,
Ao final das contas,
Ela então uniria o útil ao agradável.
Pronta, a mala ficou tranquila,
Esperando só o momento,
Para fincar o pé na estrada.
E no guarda-roupas ficou guardada.
Porém, todos os dias,
Ao abrir o maleiro,
A mala sorridente,
Pulava nos braços e dizia:
- A gente vai hoje?
- O dia já chegou?
- A gente já chegou?
E ela ouvia:
- Va com a calma mala, não chegou a hora,
E a mala paciente,
A espera da gente,
Ficava silenciosa.
E assim, foram os dias,
E em conversa com a mala,
Lhe foi dito:

- Ei ! Pode se preparar, o final de semana está chegando,
E vamos pegar a estrada.
Ah! A mala pulou de alegria,
Parecia criança que acabava de ganhar um brinquedo novo,
Sem medo,
A mala pulou no meu pescoço,
E com gosto,
Deu-me um beijo na boca.
Amanheceu o dia,
E, aí aconteceu o inesperado,
O tempo ficou lusco-fusco,
Frio e chuva...
Mas, mesmo assim, a mala iria se realizar,
O frio era gostoso o bastante,
Para ir par onde planejamos.
Contudo, uma tempestade vermelha,
Com chuva na cor da rosa,
Chegou inesperada,
Tirando da mala toda prosa,
A esperança do seu sonhar.
Sentado sobre o meu tempo,
Me perguntava,
- Como convencer a mala?
- O que dizer pra mala?
- Como a mala iria encarar aquela situação?
Ela então me aconselhou,
- Diga a verdade pra ela,
Diga que estou tão triste quanto ela.
Então na tarde que chegava,
A mala já esperava,
Com seu olhar de paixão...
Mas e a coragem!
Pra dizer a ela que em chuva vermelha não dá pé.
Fiquei quieto,
Abri o guarda-roupas,
Peguei a mala no colo,
Coloquei-a sobre a cama,
Fiz-lhe carinho e lhe falei:
- Mala, ela te ama como  a eu,
Ela está sentida como  tu e eu,
Por isto, mala, não deu...
Não será desta vez,
Que vamos vadiar....
E a mala indagou:
- Tem alternativa?
- Não...
E a mala compreensiva,
Sentou-se na berger,
E ai vai ficar,
A esperar,
Sem se desarrumar,
O novo dia chegar,
Para Eu, Ela e a Malachila.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 20/07/2012
Reeditado em 20/07/2012
Código do texto: T3788188
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