Degelo

Até que ponto um ser humano pode viver em função de si mesmo, sem se doar, sem dar prazer a um outro de sentir seu amor?

É muito triste o egoísmo. Eu me sinto muito perdida ao tentar me colocar no lugar de pessoas assim. Eu tenho aprendido que quando precisamos entender o semelhante devemos nos colocar em seu lugar. Pois bem, hoje eu tentei mais uma vez fazer isso e a sensação foi horrível! Nunca senti tanta solidão em minha vida. Eu sou uma solitária de carteirinha, mas, sinceramente, eu nunca havia passado por isso antes. Eu sei que sou uma mulher sozinha, mas eu jamais saberia viver sem amor, sem paixão. Colocando de lado o meu cinismo, eu nunca vi tanta amargura junta em uma só pessoa e isso me assustou, eu confesso. Agora estou aqui tentando tirar de mim essa tristeza que não é minha, essa louca vontade de chorar, essa lamentação pela infelicidade desapercebida do semelhante. Eu gostaria de poder ajudar, de poder descongelar um coração. Principalmente porque o meu bateu mais forte quando conheci esse ser tão perdido em sua própria arrogância e atitude; esse ser que insiste em marcar a ferro e fogo o que é tão simples.

Há muito tempo eu parei de lutar contra a vida; parei de me castrar e comecei a encarar os acontecimentos de frente, com coragem, deixando rolar, porque a vida é assim e isso faz parte de um aprendizado que nunca acaba. Tudo seria tão sem graça se não corrêssemos riscos!

Então, estou aqui, tentando impedir que meu "eu" continue a sentir essa dolorosa sensação de vazio, essa cegueira que impede a alma de perceber o que perdeu por um simples capricho.

Fecharei meus olhos, elevarei meu pensamento em uma prece profunda e deixarei minhas lágrimas rolarem para purificar minha alma. E só assim, talvez, meu coração se aquiete e eu desista, de uma vez por todas, de me apaixonar.

Rita Flôres
Enviado por Rita Flôres em 26/07/2012
Código do texto: T3797614
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