VIOLÊNCIA: NADA MUDOU DESDE ADÃO

A vida na Terra sempre foi caracterizada pela violência. Basta tomarmos o Velho Testamento para nos cientificarmos que, tão logo teve inicio a vida racional na Terra - ensinamento registrado por Moisés na alegoria de Adão e Eva - desencadeia-se uma série de transgressões e desobediências do homem para com as leis divinas, onde o dirigente hebreu dá ênfase ao assassinato cometido por Caim sobre seu irmão Abel, em ato premeditado, quando o primeiro foi movido pela inveja, ganância, crueldade, ficando patente que o autor do crime não pôde ou não quis evitar o hediondo crime; sendo esta outra alegoria utilizada pelo legislador, ensinando que o homem, através de sua inteligência e vontade pode escolher para si o caminho do bem ou do mal.

Mas, o que é a violência, afinal?

Violência é palavra que vem do verbo violar, que significa ofender, transgredir...

E o que transgredimos?

Transgredimos as leis de Deus que estão ínsitas em cada ser humano. A cada um cabe descobri-las, conhecê-las, testá-las, escolher as que lhe convém e utilizá-las conforme sua aspiração. Essa é a democracia divina que permite que seus filhos construam sua vida, seu futuro com toda a liberdade de ação.

Mas por que o homem transgride e não os animais?

Porque o ser humano, através da evolução por ele conquistada sobre as outras espécies, adquiriu a inteligência que lhe dá a capacidade de discernir e o poder de livre-arbítrio, diferentemente dos animais que são movidos tão somente pelos instintos de sobrevivência, portanto, sem noção de conseqüências de seus atos.

Contudo,centenas de anos passaram, o mundo, moralmente falando, continua o mesmo desde os tempos de Adão e Eva. A única diferença é que hoje existem milhões de Cains convivendo ao lado de milhões de Abéis. Ou seja, os caminhos escolhidos estão cada vez mais definidos. Cada qual praticamente já ratificou a sua escolha. Isto explica outras alegorias, como as do joio e do trigo, dos bodes e das ovelhas utilizadas pelo Mestre de Nazaré em seus ensinamentos.

Mas por que este grande aumento da violência em relação aos que querem o bem?

A resposta é simples: O mal sempre teve força e caminhou unido por estar mais próximo dos instintos, enquanto o bem, mais elevado e de difícil aquisição por exigir esforços contínuos, acabou por ficar deficitário e sem governo. Enquanto os adeptos do mal sempre mantiveram os mesmos estatutos e falaram a mesma língua, os seguidores do bem foram criando ao longo do tempo centenas de panelinhas filosóficas e religiosas, e até hoje discutem entre si quais são as melhores, as mais evoluídas e quais os seguidores mais fiéis a Deus... Enquanto o mal não se corrompe, por já ser corrompido por natureza, o bem vacila e titubeia diante da própria escolha, ficando quase sempre em cima do muro, posição onde nada constrói e apenas evidencia a sua covardia e omissão.

A força nasce da união, e é por isso que o mal se multiplica e se organiza, enquanto o bem, cada vez mais disperso, não consegue dar andamento às suas intenções que não saem da casa das vontades, dos projetos e das aspirações...

Em resumo: o mal sabe bem o que quer, já tomou posição diante da vida, se organiza e vai atrás de seus propósitos, enquanto os aspirantes do bem estão sempre à espera de que alguém faça alguma coisa, na ilusão de que um super-herói ou um mega-guru apareça e venha fazer a justiça a que aspiram. E assim, enquanto os adeptos do bem viajam na maionese de suas ilusões, os do mal vão ganhando campo, adeptos, força, poder e, consequentemente vão tomando conta de tudo, tomando as rédeas do poder, assistindo o bem que se perde em sua covardia, incompetência e timidez.

Não há porque nos horrorizarmos com o crescente aumento da violência e da crueldade que ocupa cada vez mais as ruas, as cidades, os campos e a mídia, apresentando as suas sempre inovadas e requintadas modalidades de crimes. Afinal, eles trabalham para isso, se unem em torno desse ideal, se organizam para alcançarem seus desideratos... Já desistiram de buscar o bem, enquanto, nós que nos dizemos adeptos do bom caminho e da justiça, nem ao menos nos preocupamos em conhecer a vida daqueles que colocamos no poder antes de dar o nosso voto... Aliás, temos que aceitar que nós mesmos constituímos os maus para nos governar, nos fazer reféns de suas paixões e nos levar ao sofrimento!

Tião Luz
Enviado por Tião Luz em 13/02/2007
Reeditado em 12/11/2012
Código do texto: T379768
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