Dona Nita, a mulher e a lua
De Edson Gonçalves Ferreira
Para meus irmãos Edgar, Wilton, Marisa, Leopoldina,
Hailton, sobrinhos e sobrinhas e meus primos
Só agora, quando a prima Lívia Manatta começou a arrumar minha cidadania européia, descobri que Mamãe se chamava Anna, com dois “n” e, também, que a minha bisavô Anna Rita Gomes Gonçalves, de Manhouce, Portugal onde estive, morava no Portugal profundo e, como a prima Isabel Gomes Silvestre, supervalorizava a Natureza. Foi, então, que acabei de compreender a ternura de Dona Nita.
Minha mãe teve seis filhos e foi casada com outro filho de português que nem ela: o meu pai Arlindo Ferreira, apelidado de Bigode, porque todos nós, da família, somos descendentes de Joaquim José Ferreira que, na verdade, se chama Joaquim Francisco Ferreira conforme passaporte que está em meu poder do século XIX e do meu avô materno Manoel Gomes Gonçalves. Essa é a data em que eles vieram para o Brasil.
Voltando em minha mãe, Dona Nita adorava cozinhar e fazia pratos deliciosos, principalmente nas festas como no Natal, onde caçarola italiana, doce-de-leite – ai, que saudade de um tacho para raspar! – e o doce de figo, furado com o garfo, não podia faltar. A figueira no quintal dava dúzias e mais dúzias e a meninada tinha que furar os figos, ajudando-a.
Adorava Arte e, assim, não foi por acaso que se casou com um músico, pois papai era o melhor pistonista do Brasil, sem modéstia, porque muita modéstia é para gente que não se valoriza, principalmente neste mundo onde, agora, todo mundo se julga majestade, não é verdade? E minha mãe, Dona Nita, tinha seus luxos. Mesmo quando havia pouco dinheiro, ela arranjava algum pra gente comprar rosas para colocar na casa asseadíssima como deve ser uma casa portuguesa, com certeza.
Éramos seis irmãos, porque, agora, o Edgar já está noutro plano, mas a gente era feliz. Quando havia lua cheia, Mamãe gritava todos nós e nos reunimos no quintal onde tinha mangueira, abacateiro, marmeleiro, vinha, pé de pitanga, além de muita planta, sim, ali nos reuníamos para ver a Lua.
Ela adorava comemorar aniversários e nos tempos bicudos, dava o seu jeito e quando ficou mais idosa, a cabeça dela ficou branca que nem uma lua cheia. Sim, todo mundo comenta: _ Sua mãe tem cabeça de luar de tão brancos que são os cabelos dela! E ela, Mamãe continuou a nos chamar para ver a Lua o que, agora, é minha irmã Leo que faz isso e eu também. Somos uma família cheia de poesia, não é?
Divinópolis, 29.07.2012
Minha mãe teve seis filhos e foi casada com outro filho de português que nem ela: o meu pai Arlindo Ferreira, apelidado de Bigode, porque todos nós, da família, somos descendentes de Joaquim José Ferreira que, na verdade, se chama Joaquim Francisco Ferreira conforme passaporte que está em meu poder do século XIX e do meu avô materno Manoel Gomes Gonçalves. Essa é a data em que eles vieram para o Brasil.
Voltando em minha mãe, Dona Nita adorava cozinhar e fazia pratos deliciosos, principalmente nas festas como no Natal, onde caçarola italiana, doce-de-leite – ai, que saudade de um tacho para raspar! – e o doce de figo, furado com o garfo, não podia faltar. A figueira no quintal dava dúzias e mais dúzias e a meninada tinha que furar os figos, ajudando-a.
Adorava Arte e, assim, não foi por acaso que se casou com um músico, pois papai era o melhor pistonista do Brasil, sem modéstia, porque muita modéstia é para gente que não se valoriza, principalmente neste mundo onde, agora, todo mundo se julga majestade, não é verdade? E minha mãe, Dona Nita, tinha seus luxos. Mesmo quando havia pouco dinheiro, ela arranjava algum pra gente comprar rosas para colocar na casa asseadíssima como deve ser uma casa portuguesa, com certeza.
Éramos seis irmãos, porque, agora, o Edgar já está noutro plano, mas a gente era feliz. Quando havia lua cheia, Mamãe gritava todos nós e nos reunimos no quintal onde tinha mangueira, abacateiro, marmeleiro, vinha, pé de pitanga, além de muita planta, sim, ali nos reuníamos para ver a Lua.
Ela adorava comemorar aniversários e nos tempos bicudos, dava o seu jeito e quando ficou mais idosa, a cabeça dela ficou branca que nem uma lua cheia. Sim, todo mundo comenta: _ Sua mãe tem cabeça de luar de tão brancos que são os cabelos dela! E ela, Mamãe continuou a nos chamar para ver a Lua o que, agora, é minha irmã Leo que faz isso e eu também. Somos uma família cheia de poesia, não é?
Divinópolis, 29.07.2012