As babás eletrônicas

Taí uma coisa que me pergunto hoje...

O que será que esta geração de hoje deixará para seus filhos lembrarem amanhã?

Acho que diferente de nós, que tivemos a liberdade de andar nas ruas, nossos filhos terão muito pouco a contar.

A gente brincava de roda, de amarelinha, jogava vôlei no meio da rua.

Íamos ao circo ver o Carequinha, o Arrelia e o Pimentinha...jogávamos bolinha de gude, empinávamos papagaio, tocávamos a campainha na casa dos outros e saíamos correndo...

Que delícia era fazer comida de mentirinha, aniversário de bonecas, brincar de pula-mula, esconde-esconde...de médico... hum... esse era um perigo!

Ficávamos todos uns olhando para os outros...mas, brincávamos assim mesmo.

Fazíamos a tarefa da escola sim e, ninguém saía antes de ter ajudado em casa, fosse o que fosse.

Televisão?

A gente assistia mas, tinha horário... era o Programa Pim Pam Pum, o Capitão Sete, desenhos do Tom e Jerry, Pica-pau, Zé Colmeia, o Reizinho, o Gato Felix... puxa!

Que saudades! Os programas eram bastante infantis e sempre tinham alguma lição moral no final. Nada de briga ou mata-se e morre-se como hoje nos jogos de vídeo game em que todos os personagens têm aqueles olhos estranhos (feitos por japoneses), topetes infindáveis e armas mirabolantes que trituram seus opositores,.

Nos jogos ou desenhos de hoje, muda-se de arma como nós comíamos balas do goma, ou seja, a toda hora.

O objetivo é deixar a criança superior ao seu amiguinho...

É que a disputa será acirrada no futuro e os pais, por essa pretensa luta por uma vaga de alto executivo que sonha para o filho... deixa-o ao encargo das babás eletrônicas, que são em muito, mais eficientes do que um ser humano, afinal ensina sem "cobrar" nada(??!!).

A mãe sai para trabalhar e ajudar no orçamento doméstico porque os custos são altíssimos e a família precisa ter um aparelho de TV de 29", uma câmara digital, um aparelho de DVD, outro de Karoquê e sei lá mais o quê...

Então, mais fácil é colocar a babá eletrônica para funcionar.

Qual é o custo?

Além das altas cifras da conta de luz?

Sem dúvida, a visão distorcida de seu filho, que por horas a fio ficou em frente ao computador ou da TV ou do videogame, a tal "babá eletrônica" cobra depois, bem mais tarde, ela ficará com a mente, o caráter , além de ir de embrulho também a alma de seu filho.

Porque o que ele aprende não é o que você deu a ele para que assumisse responsabilidades, tivesse filhos, sobrevivesse com alegria e fosse feliz...

A retribuição vem na mesma linha que você o ensinou, as "babás letrônicas", as escolinhas irresponsáveis, as mais ou menos ou aquela que você deixa uma nota pretíssima mas, deixa seu filho à mercê dos traficantes, asteróides e anabolizantes, porque ou se é drogado por dependência química, ou pela aparência que se tem de ter, ser "sarado" como dizem por aí...

É uma necessidade premente ser bulêmica, anêmica e magérrima para usar os biquínis que não escondem absolutamente nada.

Aí eu pergunto: O que você terá no final da sua vida?

Se tiver sorte, um asilo tranqüilo, porque aquilo é o que seu filho aprendeu com você!

Acha que quando você estiver velha irá parar aonde?

E, ele em tudo estará correto, sabe por que?

Ele não terá tempo para você .

Você o ensinou que outros podem fazer isso por ele . Você o fez assim, quando o colocou nas escolinhas quando ele só tinha 1 ano e meio de idade...

Sim, na escolinha de inglês, de futebol, de natação... e aí pergunto: porque ele terá de ter tempo para você, já que você foi uma pessoa ocupada a vida inteira? E. nem sequer lembrou que ele poderia ter sua voz por perto, seu carinho, seu Amor.

Ensinando-o a contar histórias, a criar, a se machucar rolando no piso da cozinha, no parque, na praia...

Mas, pronto para o que der e vier na vida ...e, se ele for um perdedor, um viciado, um bandido?

A culpa será sua?

A responsabilidade é sua?

As respostas são sempre as mesmas:

" Ah! É porque as drogas estão em todo lugar, porque não há o que fazer, não há o que ou como combater..."

"A culpa será do governo... do vizinho, do seu irmão... mas, sua? Ah! Essa não!"

Por que será que hoje em dia, os jovens não dão valor a nada?

Por que será que perdem-se no que o grupo exige dele?

Nós também não passamos por essas pressões?

Não é próprio de cada geração passar pela adolescência e perder a inocência de ser criança?

Acho que estamos passando por cima de tudo isso sem querer olhar que o problema começa em casa, com a família e a estrutura moral, ética baseada no Amor ao próximo. Como diz o Joelmir Betting, essa é para pensar na cama...

12:07 h 21/03/2004

Rosy Beltrão
Enviado por Rosy Beltrão em 30/11/2004
Código do texto: T388