Diário de Um Velho Apaixonado

Caminhando como quem não quer nada. Pés descalços na areia fria e molhada daquela praia.

Olhar tranqüilo, mas profundo, como quem quer descobrir os segredos das águas.

Mãos que ora brincam com as ondinhas, ora brincam com a areia..

Todas as tardes na mesma hora eu vinha esperar essa moça passar, eu a admirava pela sua firmeza até nos simples gestos, mesmo eu nunca tenha tido nenhum tipo de contato com aquela mulher.

Ela em si, segue reflexiva caminhando na areia, totalmente despida das convenções, distante até de si mesma, mas com aquele sorriso nos lábios que me intrigava, por que sabia que ela estava pensando em alguém muito especial. O seu coração já abrigava alguém.

Era um sorriso radiante! Tal qual ela!

Toda sua face se movia de forma harmoniosa, era impressionante.

Eu, continuo a observar.

Os ventos batem em seu rosto balançam seu vestido vermelho, soltinho, contudo longo, de alças amarradas em seu pescoço, às costas estão nuas até a cintura, posso até imaginar seu corpo.

Impressiona-me tal desenvoltura é um misto de sedução e inocência.

Pagaria tudo para apenas desvendar o motivo daquele sorriso de menina, e com a sensualidade de uma mulher.

É a minha dama de vermelho que aparecia e sumia dos meus olhos todas as tardes, e eu cada vez mais me apaixonava.

Talvez ela naquele vigor juvenil, nem imaginava ou quisesse saber de um velho apaixonado como eu, guardado em minha inocente, mas vivida senilidade.

Priscilia Nascimento
Enviado por Priscilia Nascimento em 30/07/2005
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