ELEIÇÕES EM MARINGÁ: O DERROTADO

O resultado das eleições ontem em Maringá, no fundo, a mim não surpreendeu. Não que eu desacreditasse do candidato a quem eu estava apoiando, mas porque desacredito na capacidade de interpretação da maioria das pessoas que moram nesta cidade.

Hoje, não quero falar de ex-prefeitos que saíram fugidos da prefeitura, pulando a janela; não quero falar que o próximo prefeito será um fantoche manipulado por outras pessoas mais poderosas; hoje não quero falar da tarifa absurdamente cara que pagamos para andar de ônibus em nossa cidade. Não quero falar sobre esses assuntos, porque todos e muitos outros foram exaustivamente debatidos durante a campanha eleitoral. No primeiro turno, por todos os candidatos que “desceram o pau” (como diria meu velho pai) na atual administração. E, no segundo turno, pelo candidato que ficou sem “apoio” dos candidatos derrotados no primeiro.

Não quero falar sobre nada disso, antes, quero pensar um pouco no “derrotado”. De acordo com o dicionário, derrotado é aquele que foi vencido, desbaratado; arruinado; afastado da rota (navio); que sofreu derrota, vencido; extenuado, desanimado.

Existe ainda um consciente coletivo de que “ser derrotado” é algo pior do que simplesmente “perder”. A imagem de derrota está ligada a sangue, guerra, violência. Ou seja, o derrotado perde de lavada e apanha muito. Já o que simplesmente perde sai bonito na foto, de cabeça erguida, com a sensação de que infelizmente não deu, ou de que dessa vez foi por pouco. Apesar de toda essa idiossincrasia, ser derrotado e perder são exatamente a mesma coisa. Alguém não ganhou para que outro ganhasse, fosse vencedor, lograsse vitória.

Ainda, levando-se em consideração o que ser derrotado encerra, posso afirmar, sem pestanejar, que nem sempre o derrotado é o que perde. No caso das eleições em Maringá, o candidato do PT, ao ser derrotado nas urnas, saiu-se como um verdadeiro vencedor, porque sozinho, sem o apoio dos candidatos do primeiro turno, aumentou consideravelmente o número de votos em relação ao turno passado, ao passo que o candidato do PP aumentou inexpressivamente.

As eleições 2012 em Maringá ainda não terminaram. Tramita na justiça o recurso contra a candidatura do prefeito eleito, o qual, caso seja derrotado na justiça ainda pode oferecer recurso e o caso, certamente, levará muito tempo para se desenrolar. Ou até, no máximo, 19 de dezembro. Não acredito que o Tribunal tomará uma atitude que nos leve a um terceiro turno, porém, tenho a tendência a acreditar na justiça e em sua cegueira plena. O jeito é esperar.

E, além disso, ter a certeza de que não vou esmorecer diante da arrogância que tem imperado em nossa cidade. Diante da altivez exacerbada daqueles que se colocam acima do bem e do mal, julgando como maus, ou errados, todos aqueles que têm pensamentos diferentes, que têm pensamentos de coletividade e que procuram construir uma cidade socialista e na qual haja valorização das pessoas como um todo e não o favorecimento de um grupo seleto. Antes, continuar lutando contra a oligarquia aqui instalada e em favor do povo, pois o resultado apurado me leva a crer que quem de fato foi derrotada, ontem, nas urnas, foi toda a população de Maringá. Independente do candidato para quem votou. Os próximos anos é que nos dirão!

Margot Jung
Enviado por Margot Jung em 29/10/2012
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