O PROIBIDO DIARIO SEXUAL DOS HOMENS XXV – Infinitos domingos

Uma vez ouvi algo que levo pra sempre na minha vida: Não adianta você se estressar ou se preocupar por algo que inevitável. Se você tem de fazê-lo, retire estas coias negativas, se não, só vai ficar pior!

Reflexões a parte, existe uma época na vida (Acho que isso ainda é uma reflexão): que você passa a contar domingos. Geralmente isso acontece com quem tira férias do trabalho e não viaja, fica em casa.

Existe uma época, ou várias delas, porque as vezes se repetem, em que a gente passa a contar domingos... Isso estava prestes a acontecer com Robertinho, mas antes ele e a mãe tinham outro probleminha (mão) pra resolver. Claro que ela nem sabia disso, mas ele tratava como uma missão, fora denominado por si mesmo o maio espião do mundo e deveria começar a invadir os bancos pendurados em cordinhas finas e seguras, vestido com aquelas roupas pretas coladinhas,e retirar o vidro que protegia maior jóia local, retirar a peça e colocar o vidro de volta. Isso tudo em poucos segundos, sem despertar o alarme, ou o sono do guardinha gordo que dormia encostado na coluna ali perto... Ok, devaneios a parte, ele queria ser do bem, mas é que eu sempre tive vontade de escrever uma cena dessa (essa ficou uma meda, mas matou o desejo).

Pelo que seu faro detetívico (essa palavra existe?) ele notou que sua mãe saia de vez em quando a noite, tarde da noite, e voltava mais tarde ainda. Ele a encontrara duas vezes voltando de “lá” e ela não dera nenhuma satisfação. Na sua primeira noite como detetive, ele ficou acordado no quarto, apenas esperando os sons de uma saída, de quem quer que fosse. Janeiro, tempo quente, vontade de dormir só se fosse no meio de uma ventania.

Óbvio que ele adormeceu e acordou assustado no meio da madrugada. Correu a ver se a mãe estava na cama, e ela estava sem nenhum sinal de que havia saído e voltado. Bem, na outra noite ele se empenharia melhor. Ficou pronto mais uma vez, vestidinho, pronto pra qualquer saída as pressas. As 23h e um pouquinho ouviu passos no corredor, e a porta abriu, quando a mesma se fechou ele contou até 5 e espiou na janela, era ela! Saia apressada no portão. Ele a deixou desaparecer de vista e também saiu. Ela não foi longe, entrou em um condomínio perto dali, Robertinho a seguiu, e o portão do condomínio estava aberto, e o guarda da guarita dormindo (Cara, parece filme agora, lembra do cara dormindo no banco? Mehhh). A vontade dele era de dar um grito e dançar Conga, tamanha sua adrenalina, mas seguir a mãe era melhor. Ela andou um pouco mais e viu nas poucas luzes, uma mulher em frente a uma porta, sua mãe mostrou algo de dentro da bolsa e entrou.

Na sua cabeça começou a tocar aquele musiquinha de suspense, porque era assim que se sentia. E ai surgiu a dúvida: a mulher deixaria ele entrar? Não tinha nenhuma bolsa com algo dentro pra mostrar. Ela era um verdadeiro vilão, o chefão da última fase, sabe? Com aquela cara de poucos amigos e que não deixa sobreviver nem o leite que é longa vida.

Mas ele era o cara e tinha planos: pegou umas pedras e jogou do outro lado do terreno. Pela pouca luz do poste e brilho da lua cheia, tinha um latão por lá, e fez barulho de latão. O soldadinho (a mulher) foi ver o que era... A cara dela não mudava, que pessoa sem graça. Foi então que ele correu com o máximo silêncio que pode e entrou na porta tentando fazer mais silêncio ainda. Estava aberta e havia um corredor em frente e depois uma escada. Ele já tinha visto aquele piso em uma liquidação de materiais de construção ali perto. Desceu e na descida dava pra ouvir mulheres conversando. Era uma sala grande , com cadeiras aforando um circulo, água, café, um quadro de aniversariantes, como uma terapia! Era isso, terapia. Sua mães estava fazendo terapia! Por que? Por seu pai, provavelmente!

Ele não podia sair, sua intuição (de merda) dizia que ele seria capado e expulso com uma marca de ferro quente no rabo e ao som de muitas risadas de poder. Deus, o que era aquilo? E ao final da escada, uma outra subia para uma espécie de mezanino. Mais uma vez o silêncio o acompanhou e ficou ali escondido. Nenhuma delas teve a idéia de olhar pra cima (nunca viram filmes de espião mesmo).

Sua mãe, sua bolsa, e seu sobretudo cereja estavam lá, de costas e ponta cabeça pra ele. Uma senhora baixinha, de coque apertado e óculos pesados, também de sobretudo, azul marinho. Ela cumprimentou cada uma com um beijo no rosto. Eram 15 mulheres contando com ela.

Ela bateu palmas e começou a falar de fora da roda:

- Boa noite Guerreiras do desejo!

- Boa noite – Respondeu o coro.

(puta merda, fosse o que fosse, o negócio era sério, porque ela tinha a mesma cara da mulher da porta)

- Vamos fazer nosso juramento... – E ela falou uma porção de palavras que resumiam em não contar nada do que seria dito ali, para os outros lá fora.

(É, o negócio era sério mesmo, ele deveria ter trago um gravador, embora ele nem tivesse um).

- Começando nossa reunião do Clube do Orgasmo de hoje, vamos faze nossa pergunta de praxe: - Alguém transou, teve uma paquera, ou conseguiu atingir um orgasmo desde nossa última reunião?

E algumas mãos se levantaram, a mãe de Robertinho permaneceu imóvel. (Ufa!)

- Você Silvia!

- E uma voz aguda e irritante invadiu o salão: - Eu preparei um jantar a luz de velas, mandei as crianças ficarem na casa da mãe dele, e quando ele chegou do trabalho eu estava com um lindo vestido e o jantar na mesa. Ele gostou, jantamos, bebemos um vinho e ele disse que queria ir para o quarto comigo. Fomos e foi tudo tão rápido e delicioso, acho que gozei Dra. Norma.

(Norma, esse era o nome da coruja de sobretudo).

- Não, claro que não gozou. Se foi rápido você não gozou. Estava bêbada e confundindo a emoção de tudo ter dado certo com um orgasmo. Agora você Cláudia.

- Cláudia, estava ao lado de Silvia e tinha uma voz muito sensual: - Eu cheguei lá!

- Ohhhhhhhhhhhhhh – Igualzinho a gente vê s outras pessoas exclamarem admiradas. As atenções voltaram todas pra ela, e Claudia continuou: - Ele estava encima de mim, e colocava pra dentro e pra fora, e eu fui me sentindo selvagem. – Ela parou e fez um barulho estranho com uma cara estranha, imitando um gato arranhando alguém. – E me senti como se estivesse em uma montanha russa. Meu carrinho foi subindo, subindo, um frio na barriga começou , eu não conseguia controlar mais qualquer reação, e o carrinho de minha montanha russa continuou subindo, até que tudo parou, não consegui ver mais nada e o carrinho desceu aquele trilho enorme... Ahhh... – E ela fez movimentos mais estranhos ainda.

Os olhinhos de todas eram como cachorros cheirando uma câmera fotográfica (Nunca fiz uma comparação tão estranha).

A autora da história respirou fundo, relaxou e encostou as costas na cadeira novamente, silêncio e um salto alto ganhou som se colocando no meio da roda, era a doutora, a chefe do grupo que olhava intrigada para a moça. Todas as olharam suplicando seu aval.

(Então era assim negócio, resumindo elas queriam convencer outras de que realmente haviam sentido prazer no sexo).

- Qual a cara que você fez na hora do orgasmo minha querida? – Perguntou a líder.

(E aí é só você escutar bem e no fundo vai tocar aquela música de suspense e a luz vai cair um pouco pra fazer climão, porque foi assim que aconteceu).

Sentindo que ia ser jogada em um poço cheio de solidão e homens barrigudos e carecas sem libido, ela foi sincera: - Não me lembro da cara que fiz.

- Então ótimo. – Um sorriso da doutora, mãos levantadas pra aplaudir. – Você realmente teve um orgasmo, porque quando é verdadeiro ninguém se lembra da cara que fez, uma salva de palmas a nossa companheira. – Lindo discurso, eu votava nela, e todas aplaudiram extasiadas.

Claudia não se conteve e se emocionou olhando os aplausos que eram para ela, incrédula, talvez tivesse um ataque, sua epressão era de quem recebia um premio muito desejado:

“E o premio da gozada mais sincera vai para...”

Ela se levantou para pegar seu premio imaginário e este nada mais foi do que abraços das amigas. A doutora cessou tudo com palmas fortes e discursou do centro do circulo como uma aula prática: - Está ai um ponto essencial que vocês jamais podem se esquecer: Um orgasmo de verdade não se tem expressões marcadas, cenas feitas como um teatrinho. Nós não queremos teatrinhos e nossos homens também não! Vamos, anotem, ou acham que vão lembrar de meus conselhos?

E sim, a maioria tirou caderninhos e bloquinhos de muitas cores, até mesmo post-it’s (nunca sei escrever isso) e canetas das bolsas e começaram a anotar desesperadamente as palavras daquele Hiltler da sexualidade feminina. E ela onipotente, andava devagar no meio do circulo e de queixo em pé proclamava: - Mulheres que fazem caras pensadas, projetadas não merecem mesmo ter um orgasmo, tudo tem de acontecer de forma natural. Mas claro, se quiserem fingir precisam seguir as seguintes dicas para serem convincentes: Nunca olhem olho no olho de seu homem na suposta hora H. Ou fechem seus olhos, ou olhem para cima, estejam onde estiverem, olhem para cima, e nunca olhem nos olhos. A respiração deve mudar, tem de ser algo que pareça que você está ficando sem ar. Puxe e solte o ar rápido e de repente puxe bastante fazendo algum barulho e solte também com algum barulho. Gema alguma coisa estranha, Ada de coisas óbvias como “Yes”, “Fuck me”, pode ser uma silaba, as que começam com vogais são ótimas e nunca comecem com “b”, são as piores, realmente parecerá que estão passando mal se usarem o ‘b”. Outra regra é de que tem de apertar algo nele, pode ser a bunda, o braço, o pé nas costas, o pescoço, os cabelos, apertem alguma coisa no corpo dele que tiverem alcance. Abram a boca ou cerrem os dentes, de qualquer forma os lábios devem estar separados. Entenderam: os lábios devem estar separados, tanto os da cima quanto os de baixo! Entenderam? Que ótima piada hein? - (não mesmo) Risadas forçadas surgiram das cadeiras. – E por fim remexam os quadris um pouco, como se fossem um mixer preparando vitamina.

Elas largaram as canetas, e se estavam assim tão necessitadas, por que não colocavam essas canetas logo de uma vez em outro lugar ao invés de escrever? E sua mãe, por que ela estava ali se nem companheiro tinha? Ou será que tinha? Sua mãe poderia já ter um novo namorado,será?

A voz a Doutora (sei lá por que diabos estou chamando ela assim, mas já entenderam né?) rompeu de novo entre as “Guerreiras do desejo”: - Bem minhas amadas, é isto por hoje, rápido assim mesmo, pois desconfio de que talvez estejamos sendo vigiadas. (Robertinho sentiu seu coração dançando Créu na última velocidade dentro do peito quando escutou isso, e a vontade foi de largar um peido bem barulhento). – Façamos agora nosso juramento final e depois eu quero somente que você fique comigo para conversarmos a sós. – E o você foi justamente apontando para a mãe de Robertinho.

Cacete, o que aquela vaca de sobretudo queria com a mãe dele? O que ela tentaria? Vai ver era uma lésbica louca e tentaria convencer sua mãe a mudar sua orientação sexual. Era uma opção. Mas antes que pudesse pensar nisso, viu as mulheres se levantarem e pode quase ver sua mãe engolindo em seco por ser intimada.

E do nada elas tiraram o sobretudo, e ficaram apenas de lingerie. Elaiáaaaaaaaaaaa, nossa senhora da calcinha entalada, sim porque ali ela deveria realizar muitas graças. Algumas mereciam estar na roupa, outras nada demais, e claro, outras deveriam estar totalmente cobertas, eram deliciosas gordurinhas para lá e para cá. Calcinhas e sutiãs de todas as cores, e sem comando algum formaram filas e fizeram uma coreografia a La Beyoncé, com direito a cabelo voando e tudo. Era bem esquisito, principalmente as gordinhas: um passinho e a banha voando para a esquerda, uma abaixadinha e a estria gritando no nariz da amiga, celulite pra cima, celulite pra baixo, pneu um dois três, pulinho, pulinho.

Sobretudos de volta ao corpo, bolsas, cara de gente normal jogando canastra e tomando batida e chá com “azamiga” e de volta ao lar. Sua mãe apenas sentou-se e esperou, como quem espera o assassino sem escolhas de fuga.

A doutora a olhou com pena: - Nós precisamos conversar, porque sinto que você precisa de um orgasmo. ( E quem não precisa?) E porque você está sozinha e é normal enlouquecer sendo mãe de família , viúva e sem orgasmos. Levante-se!

E surgiu uma moça bem feliz empurrando um poste com um saco de pancadas pendurado.

- Eu sei que não é fácil manter a pose de mulher séria que precisa cuidar de tudo e que tem de esconder a vontade de transar, que precisa fazer sexo mesmo com tanto a fazer. As pessoas acham que só porque você ficou viúva perdeu a vontade e deve se comportar como uma freira. A sociedade é mesmo assim hipócrita e nojenta querida. (ele estava começando a gostar desta mulher, mesmo que ela insistisse em falar da vida extremamente particular da vagina da senhora sua mãe). Então pegue estas luvas, vista e soque este saco de pancada com toda a sua força e agrida a sociedade, desconte sua raiva e diga o que ela merece, diga o que você quiser e faça sofrer com suas pancadas, vamos! – Jogou as luvas e sua mãe largou a bolsa e fez exatamente o que ela disse. Começou tímida, mas foi se soltando e socando com força máxima e dizendo coisas que jamais Robertinho esperou ouvir da boca de sua mãe. Mas pera aí, aquela não era a sua mãe, era a mulher dentro dela, e agora fora também. Será que a mãe era mulher ou a mulher era mãe? Tinha como separar e agir diferente para as duas formas?

Os xingamentos mais altos e absurdos foram compostos naquela boca: - Cacete de merda de cavalo morto! Filha de uma puta gora e menstruada na lua cheia! Desgraçada de uma cadela sem pomba e retardada! Grelo cabeludo e monstruoso das trevas! ... E por aí foi!

Quando ela cansou, sentou em seu lugar e a Doutora ressurgiu em sua frente chamando: - Ainda não acabou, tenho uma surpresa para matar seu desejo!

Uma música de strip tocou, a luz mudou e homens só de cueca entraram dançando em direção a sua mãe que se encolheu na cadeira.

Ok, era hora de agir, eles fariam o que? Todos tentariam comer sua mãe ao mesmo tempo? Credooooo!!! Ele levantou-se e suas pernas estralaram, já doía estar tanto tempo ali espremido, escondido. Quando estavam bem pertos ameaçando arrancar a cueca e fazendo aquela cara “Pega um pacote de bolacha e foge comigo pra uma ilha deserta” , a música e as luzes pararam e a voz da mulher rompeu mais uma vez: - Viu como é animador? Eu vi sua carinha meu amor. (Robertinho também queria ter visto). – Mas hoje nada acontecerá, é só pra provara a você como precisa disso, o mundo é feito de sexo meu bem, e da próxima vez você terá isso, com muito mais homens, todos bem duros e ao mesmo tempo sua grande safadinha! – E ela começou a dar risadas histéricas e falar que o mundo era só sexo, e assim os homens a pegaram todos juntos, suspenderam no ar e a levaram dali, ela falando loucuras e rindo sem parar.

Sua mãe ficou sozinha, pensativa no galpão, era a hora dele ir lá, dizer que podia ajudar, que nada daquilo era necessário. NÃO! Era arriscado, poderia ter mais alguém ali, e ele poderia ir nas próximas e descobrir mais coisas... É, alguém estava aprendendo a ter paciência, planejar as coisas.

Sua mãe saiu,e cuidando pra que ela não o visse, saiu também. O domingo havia acabado, mas sentia que viveria mais muitos domingos chatos, assim como outros imprevisíveis, era essa uma das características de domingo: um dia que parece perdido, mas algo pode salvar, ou vice versa, sei lá. Foi pra casa, todo mundo já acomodado, inclusive sua mãe. Mas agora quer dizer que da próxima vez sua mãe teria uma orgia? “ Vários homens ao mesmo tempo pra matar seu desejo”? Ele tinha que dar um jeito de impedir aquilo, só bastava descobrir quando era a próxima vez. Parece algo mesmo sem por quê ou objetivo, mas isso porque não se está na pele dele, ou dela, e qual é objetivo mesmo?

Douglas Tedesco
Enviado por Douglas Tedesco em 26/11/2012
Código do texto: T4005047
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