CRÓNICA APOCALÍPTICA - Texto 500 no Recanto das Letras

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Profecias mais ou menos apocalípticas têm percorrido ao longo dos séculos, o imaginário dos seres humanos, alimentadas por um certo fanatismo religioso, a que se juntou a literatura e o cinema, atingindo o seu pico obsessivo nos tempos que correm e mais concretamente neste dia vinte e um de Dezembro.

Aquilo que se passa com o cinema chega a ser escandaloso pois os roteiristas sublinham a catástrofe e o desastre global quase que admitindo os mesmos como algo lógico e até purificador, ao contrário daquilo que acontecia há umas décadas atrás, quando os filmes deste género tinham sempre um trunfo na manga para no final algum tipo de herói esgrimir e nos salvar a todos, para incontestável alívio geral – ah, que saudades daquela radiosa e salutar inocência!

De algum modo este conformismo derrotista é penalizador para a própria humanidade, sobretudo nesta época de contínuas crises económicas e sociais, contribuindo ainda mais para a consolidação de comportamentos perturbadores e obsessivos – nos últimos dias ouvimos e lemos relatos doentios de pessoas que fazem negócios com o desespero e fé dos mais crédulos.

No fundo estamos a construir continuamente edifícios coloridos assentes em pilares do “equívoco versus hipocrisia”, que acabarão por sair caros a todos excepto àqueles que se finam antes do fim do mundo, seja ele em que data for – ah, a morte parece vezes demais a tábua de salvação de tantos náufragos deste tempestuoso oceano existencial

Pessoalmente não tenho uma opinião formada sobre este tema, mas como me foram ensinando a ser desconfiado por natureza, prefiro juntar-me àqueles que ficam na espetativa, não aceitando as inúmeras injustiças e contradições com que os governantes do planeta acenam aos que lhes são subservientes.

Contudo, apesar dos inúmeros avanços e recuos que a humanidade tem conhecido, a morte parece continuar a ser o grande acontecimento da vida, e Deus nos livre de o homem algum dia conseguir vencer esse derradeiro obstáculo, pois – aí, sim – ficaríamos a conhecer a maldade pura.

Bom, mas já que o fim do mundo não chegou no tempo anunciado, e para aligeirar este tema, aproveito para anunciar, com esta crónica, o meu texto 500 no Recanto das Letras – isto antes que venha um qualquer outro iluminado anunciar novo apocalipse, talvez já para amanhã.

Como sou homem de Fé, acredito que tal não acontecerá e que o Criador nos há-de abençoar a todos com uma linha crescente de Amor e Paz.

Votos de Festas Felizes a todos vós, autores e leitores!

Abílio Henriques

21.12.2012

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 21/12/2012
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