Carta (in memorian) para JuniorZeba

Carta (In memorian) para JúniorZeba

Caro sobrinho, JúniorZeba, embora distante, embora tenha o visto depois de adulto em pouquíssimas oportunidades, nunca me esqueci de você. Sempre que me avistava com seu pai, fazia questão de perguntar: “___Como está o Junior? Como vai a Priscila? Como vai a Prisciele?”. E justamente, agora , via net, tínhamos um encontro familiar marcado para o final deste ano de 2012, na cidade de Três Lagoas. Um encontro onde, certamente, desfrutaríamos junto aos primos, avós, tios, tias e amigos, de muitas alegrias. Um encontro que seria recheado com as nossas conversas em tom alto, com os nossas gostosas gargalhadas a respeito de pitorescas mancadas de nossos parentes. Um encontro onde ao descerrar as cortinas de um ano que inicia, teríamos a graça e a oportunidade de celebrarmos juntos em família, a paz, o amor e a alegria. Um encontro que por contingências do destino, somente quando criança, você, pudera participar. Diferentemente dos outros sobrinhos , que pudemos assistir os seus cresceres, você se fez homem longe de nosso olhar. E sendo assim, o seu desejo de estar junto conosco neste réveillon de 2012, seria para todos nós, na verdade, um feliz reencontro. Iriamos festejar a sua presença tal qual como na passagem bíblica, o pai celebra a volta do filho pródigo. Queríamos partilhar contigo as alegrias da família “Mira” reunida nos finais de ano. Queríamos partilhar contigo as histórias engraçadas das viagens á cidade de Campo Grande, do passeio á Bonito, a aventura de um casamento na Bahia e os acordes do “Arroxa” que embalou a festa da cerimônia, a viagem pra Ilha da Juréia, que numa semana de janeiro de 2012 se transformou na Ilha dos “Mira”! Queríamos também que nos contasse tudo o que se passou nesses anos em que esteve distante. Queríamos saber dos seus amigos, do futebol que você jogava, do trabalho na Rádio Dourados-FM. Esse nosso reencontro seria , na verdade, um momento de religarmos nossa vida através de relatos de experiências vividas. É claro que não poderia faltar o futebol e a música, coisas que você me disse que adorava. Para tanto já estávamos organizando o jogo de futebol da família. O dia, local e a hora já havia sido pensado exclusivamente em razão da sua participação: 31 de dezembro, as dez horas da manhã, no campinho soçaite do Master Clube Recanto do Galo, porque você chegaria para a festa da família, de moto, no dia 28 de dezembro á noite. Ah, a música também se faria presente e o som do pandeiro, que você aprendera tão bem a tocar, se uniria aos acordes do violão deste seu velho tio, numa parceira inédita, que tenha certeza, muito me honraria, fazer samba ao seu lado e com você. Porém, a sua morte prematura, acidente de moto, aos vinte e um anos de idade, as três horas da madrugada, do dia 14 de dezembro de 2012, interrompeu os seus sonhos e desagendou o nosso reencontro. Faltaram quinze dias. Faltaram apenas quinze dias para que o nosso reencontro se tornasse uma feliz realidade. Fica aqui, querido sobrinho, essa missiva como um testemunho pessoal de que eu, também, tanto quanto ou mais que você, aguardava ansioso esse nosso reencontro familiar. Pelos desígnios de Deus, tendo sido impossível esse reencontro conosco, temos a certeza de que já está ao lado de Nosso Senhor e da nossa querida Vó Luzia. Sábia como só a Vó Luzia sabe ser, certo estou de que nesse momento ela deve estar confortando-o nesse momento. Um grande beijo e até o dia em que estaremos todos ao lado de Deus e da nossa querida Vó Luzia!