Retratos de Uma Vida (5ª parte)

Histórias e experiências de vida todos têm. Umas mais dolorosas que outras e se me decidi em escrever não foi com o objetivo de arrancar lágrimas ou criticas. Estou simplesmente no caminho do conhecimento de mim mesma e se um dos meus retratos contribuir para que você também faça este caminho então este terá sido o meu objetivo.
Frequentando aquelas reuniões e ouvindo depoimentos começava a aprender a rever situações da vida que muitas vezes podem nos deixar marcas.
Como escrevi na 1ª parte, eu era uma pessoa do contra e perfeccionista ao extremo.
Pelo simples fato de discordar e não aceitar regras um certo dia saí pro colégio e na cidade vizinha casei. Casei-me desta forma porque meu pai não aceitava o meu casamento com um estudante que não tinha onde cair morto. E eu? Para ser uma futura dona de casa, sequer um pano de prato eu tinha. Eu amava o meu marido é bem verdade, mas casei e com 10 minutos me arrependi amargamente. Não conseguia administrar dentro de mim a culpa por ter feito aquilo com meus pais.
Tentamos uma aproximação, mas meu pai estava com muita raiva de mim e não quis saber do meu problema. Eu que seguisse em frente já que era tão teimosa e corajosa. Mas isto ele falava não com o coração porque depois de cinco dias me procurou para levar-me pra casa e ai já era tarde, eu estava longe, numa terra distante carregando comigo a dor do arrependimento, da culpa e do remorso! Pela família do meu marido fomos jogados no olho da rua e se não fosse a misericórdia de um casal que presenciou a nossa situação não sei o que teria sido de mim acostumada aos zelos dos meus pais.
Já não era aquela moça alegre, e nenhum amor que eu recebesse era o suficiente para me dar a paz no coração.
Éramos muito inteligentes e batalhadores e do nada construímos nossa vida com a assessoria de Deus que nunca nos abandonou.
Tornei-me uma pessoa agressiva, impaciente, não gostava de amizades, era igualzinha a um robô que trabalha, trabalha e trabalha.
Minha casa parecia um modelo de casa. Tudo nos seus devidos lugares, brilhando, e ai das aranhas e baratas que passeiam pelas casas tivessem o atrevimento de passear na minha.
Meu olho crítico e rápido como um relâmpago detectava na hora que alguma coisa havia penetrado do meu palácio intocável.
Aprendi nestas reuniões que ao invés de limpar o meu interior era mais fácil transferir estas ações para o meu mundo externo.
Também desenvolvi o orgulho e durante cinco anos nunca dei noticias pra minha família, não por raiva, mas por não suportar o sofrimento que eu carregava dentro de mim, eu não me perdoava pela minha desobediência, por ter feito meus pais chorarem de desgostos, por saber que nunca sentiram raiva de mim, isto eu não me perdoava e disto eu não sabia que a primeira pessoa que precisava do perdão era eu mesma.
Quando descemos do nosso pedestal para analisar as negligencias dos outros primeiramente devemos entender que: ” aquilo que não tem importância nenhuma pra você pode ser de grande importância pra outro”.
Os sofrimentos na alma causados pelos nossos defeitos são quase sempre as causas sim dos nossos desequilíbrios.
E foi assim que tive uma filha, totalmente dependente. Emocionalmente e psiquicamente falando!
 

Emedelu
Enviado por Emedelu em 11/05/2013
Código do texto: T4285450
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