A CONSULTA

Rose, babá da minha netinha, sofreu dores horríveis no estômago durante a noite e, de manhãzinha, foi ao posto médico, perto de sua casa.

Crente que seria a primeira da fila, ela ficou duas horas esperando sua vez e ainda deixou um monte para trás.

-Bom dia, moça! O que você tem, que está tão pálida?

-Ah, doutora, estou com uma dor tremenda no meu...

-Um minutinho. Meu celular está tocando e, pela musiquinha, é o meu marido.

Oi, meu bem! Você vai lá? Olha. Não vai comprando qualquer um. Escolha bem e pechinche bastante. ‘Quem nã o chora, não mama’. Você conhece este ditado, não é? Sei que conhece, aliás, não era a sua mãe, que Deus a tenha num bom lugar, que dizia isto?

Carro velho?! Está doido, homem?! Nem pen-sar. Quero um seminovo. Não vou perder tempo e dinheiro em oficinas. É branco, sim. Sempre quis ter um branquinho. Esqueceu a marca, que eu te falei tantas vezes?! Que cabeça! Amor, espere um segundinho, que deu um problema aqui. É vapt-vupt.

Moça, por favor, me dá uma mãozinha.

-Toma, doutora.

-Não, minha filha. Estou te pedindo uma ajuda.

-O que a senhora quer?

-Você sabe o nome de um carro com a letra C?

-Letra C? Huuumm... Chevette.

-Não. Está ultrapassado.

-Cherokee.

-Este é para rico. Quero um carro mais baratinho.

-Corsa.

-Não.

-Corolla.

-Quem me dera.

-Ka?

-Ka não é com C.

-Citroen.

-Está sonhando, menina?

-Celta?

-É este mesmo! Amor, onde nós paramos? Ahhhhh... Na marca do veículo. É Celta, queridinho. Cel-ta. Vê se anota aí, para não se esquecer de novo, viu?

Agora, vou ter que desligar, porque estou com paciente. Vou te esperar para almoçarmos juntinhos e, depois, passarmos na concessionária. Beijos. Tchauzinho. Te amo.

Minha querida, graças a Deus o problema está resolvido. Vamos continuar com a nossa consulta. Onde é a dor que você está sentindo?