Oito
Oito. Ele tinha oito anos. Era noite fria quando saiu para o jardim apenas para contar estrelas – e sentiu a casa cair em tristeza e silêncio. Como se não fosse triste e silente em outros momentos.
Cansado, inspirou o ar fresco devagar; estava de olhos fechados, deitado no chão. Não havia ali um animal para perturbar-lhe, um ruído sequer que interrompesse seus pensamentos – havia apenas o vento.
De forma alguma queria voltar. Não queria sentar, comer, acordar. Se permanecesse de olhos fechados para sempre, quem sabe não precisasse mais pensar em outras coisas, nas coisas ruins.
E era de noite – era de noite e tudo que ele pedia era por continuar ali. Não exigia mais nada, nem o sol, nem o dia de primavera, nem malditos passarinhos cantando. Não. Só o silêncio e a solidão.