A arte de perder

“A arte de perder não é nenhum mistério;

Tantas coisas contêm em si o acidente de perdê-las,

Que perder não é nada sério.”

Retirado do livro “Poemas Escolhidos” de Elizabeth Bishop.

Adorei este poema, vale a pena lê-lo por inteiro. Perder realmente é uma arte, sentimos, choramos, nos angustiamos diante de perdas, mas sobrevivemos (ou não), muitas pessoas acham que estão “vivas”, mas na realidade se deixam viver. Não estou falando aqui de morte de pessoas, estou me referindo a morte de sentimentos, vontades, desejos....Reconhecer que se perdeu algo é reconhecer que já se possuiu esse “algo”, de alguma forma, tamanho ou cor. O pior que pode acontecer é que podemos perder algo que nunca tivemos de fato, achamos que tivemos. Não. Está errado. Eu não posso perder algo que nunca tive. Vai dizer isso ao coração, ao sentimento que criamos unilateralmente. Chega a ser doentio. Ampute esse sentimento que só você sente. Precisamos perder algo que realmente tivemos ou vivemos... afinal... como diz minha “amiga” Bishop.....

“- Mesmo perder você (a voz, o ar etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (escreve!) muito sério.”

Se eu perdi é porque já tive, se eu não perdi é porque eu ainda tenho. Perca tudo o que você achou que tinha e na verdade não tinha, tenho certeza que achará outras coisas para depois, realmente, perder.

PS: Ganhei o livro "Poemas escolhidos" de Elizabeth Bishop de minha prima Sílvia quando estive recente em Belém, foi um dos presentes mais perfeitos que ganhei este ano. Obrigada prima querida, sempre aprendo muito com você prima. valeu!!

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 10/02/2014
Reeditado em 10/02/2014
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