Uma cena corriqueira
Eu estava no banco.Não era um banco de praça, era um Banco,
aquele onde guardamos nosso “pé-de-meia”.
Havia todo tipo de gente: Office-boys, donas de casa ,
gente engravatada, gente simples,e gente muito simples.Uma
fila muito grande e outra também grande ao lado, só havia
aposentados e mulheres grávidas, o nome dessa fila
era “clientes preferenciais”, o interessante é que era para
ser um a fila rápida , mas tinhas muitas pessoas e um caixa.
Eu observava tudo, os funcionários estavam muito bem
vestidos, o que nos deixa a impressão que eles são
superiores a nós.Mas o que eu quero contar é que havia um
senhor, vamos dar um nome para ele: José , que aparentava
ser muito simples , em outras palavras muito pobre.Ele
precisava de um empréstimo do banco (será que sua mulher
estava doente, ou sua filha, ou um irmão?) e a mulher do
outro lado do balcão , mais “superior” e provavelmente
entediada de fazer sempre o mesmo serviço, falava
maquinalmente com o senhor José: “Só com comprovante de
renda , Rg, CPF,...” e mais uma pilha de papelada , os quais
nosso velho senhor ia colocando um a um em cima do balcão.E
ele disse “ Só o comprovanti di renda eu num võ tê , moça eu
trabaio como autonimo e ganho um salário mínimo de
posentadoria”.
Reparem o tipo simples da linguagem do Senhor José. E do
outro lado do balcão a voz maquinal despejou algumas frases
feitas e repetidas sem nenhum sentimento, que ele não
poderia fazer o empréstimo solicitado.
Eu estava por perto, na fila para pagar algumas contas e
observava aquela cena.O problema foi que a mulher falava
numa linguagem quase que incompreensível: “O saque
solicitado não corresponde à renda exigida, precisamos de um
papel timbrado e com firma reconhecida...” “saque? , mas eu
queria só um empréstimo”, disse o senhor. Na verdade seu
José não entendeu nada do que a moça falou, não por
ser “burro” nem surdo, ele somente não compreendeu aquelas
palavras .A moça repetiu tudo já nervosa , com as mesmas
palavras da primeira vez, ela já estava alterada e chamou o
próximo da fila.
Seu José saiu cabisbaixo, não sei eu bem o porquê .Será que
ele ficou triste por não ter conseguido o empréstimo? Ou por
não ter tido atenção que merecia? Ou por se sentir humilhado
por não ter entendido o que a moça quis dizer?
Absorta em meus pensamentos ouvi um grito “O próximo” e a
fila toda já estava reclamando, o homem que estava atrás de
mim me deu um empurrão e fui parar no caixa.
Com quantas pessoas acontece isso todos os dias ?
Ninguém se importa.