RELIGIÃO

RELIGIÃO

As palavras da bíblia sagrada são firmes, mas apesar de sua atemporalidade transmuta-se com precisão e o equilíbrio necessário dentro do espaço e do tempo para vigiar nossas fraquezas. No entanto essas palavras podem ser interpretadas e, ou impetradas nos mais variados discursos, acomodadas ao bel prazer dos que a pregam e dos que a seguem.

Fortuitamente manifestam-se correntes de seguidores de um Deus simpático e sem cobranças, ( exceto a cobrança do dízimo) muito conveniente para quem prega e para os que seguem os preceitos religiosos porque se sentem quitados em suas transgressões.

Por vezes Deus aparece em certas correntes numa analogia simplista do pai simpático, amigão que não faz uso de cobranças e que não coloca as setas de indicação do caminho a seguir. Assim surgem pessoas crentes que vieram a esse planeta para ser premiados com carros e dinheiro a rodo, só alegrias, (algumas pessoas se acham no direito de obter certos privilégios pelo simples fato de não fazer mal a ninguém). Mas seria falta de equidade pensar que individualmente podemos escapar de toda e qualquer adversidade que assola os que nos cercam pelo simples motivo de sermos bons e religiosos.

Agir corretamente é obrigação de qualquer ser humano, independente da crença em alguma religião. Estamos comprometidos com a vida desde o momento de nossa concepção, desde o vital compromisso de respirar corretamente, aí já começa o livre arbítrio que leva a uma reação em cadeia. O feto respira e garante sua sobrevivência e o bom termo da gestação da mãe e o desencadeamento de um novo ciclo familiar. Temos livre arbítrio desde a concepção, e dentro desse livre arbítrio começamos a carregar nossas obrigações do amor próprio e do amor ao próximo. Sufocar-se com medos é uma das maneiras de corroborar com a falta de amor próprio, e com a incapacidade de expandir o amor ao próximo.

Vivemos um momento de medos. Medo de corrigir os filhos e perdê-los, medo de reivindicar nossos direitos e ocasionar represálias. Medo de desagradar com a verdade. E, principalmente o medo de conversar sozinho com Deus e nos mostrarmos como somos exatamente fora de qualquer tipo de religião.

Nós somos: um ponto de reação numa seqüência ininterrupta inteirada no universo. Em certas ocasiões não existe resposta padrão para explicar a frustração humana, como por exemplo: quando nos repensamos individualmente dentro da própria religião. O cotidiano nos arrasta o tempo inteiro para contradições entre o que deve ser e não é e, ocasionalmente podemos nos sentir perdido. A fé vacila. Estou no caminho da fé absoluta?

O sentimento religioso é um dos mais complexos sentimentos que fundamentam a essência do ser humano. A própria etimologia da palavra religião é vaga, imprecisa: reler, religar, ser rígido em seus conceitos? Tudo isso cabe dentro da proposta humana de ser. Devemos deduzir que a palavra religião deve denotar a necessidade do ser humano de ser autêntico.

A falta de autenticidade de olhar a vida sem omitir, fingindo não entender o que tem que ser combatido em nós mesmos, nos leva a protelar a acareação com Deus, sozinhos, em nosso quarto. Por isso tanta gente anda com a bíblia embaixo do braço mudando de templo, colocando a culpa nos mentores espirituais e nos templos que freqüentam.

Todos nós estaremos capacitados a entender a palavra de Deus exposta na bíblia, no momento que nos sentirmos compromissados com as revelações da escritura sagrada.

JOYCE RABASSA