O ENSOPADINHO

Naquele tempo, com sol a pino, Dionísio e Odílio passaram em frente à casa de uma família conhecida.

-Dió, minha barriga está roncando. Vamos filar a boia dos alemães?

-Claro, mano!

-Ô de casa!

-Que surpresa boa, Dió!

-Dona Maria, estávamos aqui perto e aproveitamos para visitar vocês.

-Entrem e venham almoçar conosco.

-Não. Muito obrigado.

-Não queremos dar trabalho para a senhora.

-Trabalho nenhum. Vou chamar o Expedito, que está no quintal.

Logo, todos foram para a mesa, onde já se encontravam, de prontidão, dois cachorrões.

O menu estava convidativo: arroz, feijão, galinha frita e ensopadinho.

Por gostar muito de bucho de boi, Odílio serviu-se primeiro do ensopado.

Admirada, a dona da casa perguntou:

-Você tem costume de comer isto no meio da comida, como os alemães?

-Claro! Sou doido com isto! Mamãe faz sempre.

Dió colocou de tudo no seu prato e, por último, uma concha do tal ensopadinho. Misturou e deu uma garfada.

-Eca! Onde é que eu cuspo? – pensou o rapaz, olhando para o irmão que já tinha comido a metade da comida – Coitado do mano! O raio do ensopado é doce de jenipapo e eu não vou comer isto de jeito nenhum!

-Maria, busca água fresquinha para os jovens.

-Já vou.

Dió aproveitou a brecha e despejou a comida debaixo da mesa.

Os cães pegaram uma briga tremenda e, por pouco, não morderam as pernas dos visitantes.

-Maria, tráz a vassoura depressa para acamar os bichos.

No meio da confusão, os irmãos pegaram os seus chapéus e saíram sem se despedirem.