AOS PERSONAGENS: VIDA LONGA E PRÓSPERA

Mais importantes e, interessantes, do que pessoas do mundo real são os personagens. Esses seres de ficção nos acompanham por toda a nossa existência desde o dia que os conhecemos. Personagens são autênticas criações humanas; perfeitos, imutáveis merecem toda a nossa confiança, pois temos certeza deque jamais nos decepcionarão.

Os personagens são todos os nossos desejos e anseios; todas as nossas projeções ideais ao contrário dos seres reais seus criadores.

Quem pode ser mais fiel, companheiro inseparável do que Sancho Pança. Segue seu mestre em todas as suas loucas aventuras a derrotar gigantes e sempre em busca de Dulcinéia, seu desvairado amor. Ninguém é mais íntegro e sincero do que Dom Quixote.

Ninguém jamais será mais experto do que Chapolin Colorado. Quem conta com sua astúcia? Sherlock Holmes que desvenda crimes elementares dispensaria a criação de toda e qualquer CPI. Hercule Poirot em poucos dias nos revelaria que o mordomo nem sequer era suspeito e que Lula sabia de tudo pois é o mandante do que a Dilma chama de “mal feitos”.

Batman e Robin se forem chamados pelo chefe de polícia projetando um morcego no seu do Brasil, acabariam com os crimes das grandes organizações brasilinas.

Somente Eliot Ness e sua pequena equipe seriam capazes de acabar com os bandidos das grandes empreiteiras e seus capangas.

Superman, com seu olhar penetrante substituiria todas as tais câmeras vigilância que os idiotas chamam de “segurança”. Certamente trabalharia, secretamente, sem ninguém notar na redação de algum jornalão brasilino; irreconhecível apenas usando óculos de aro preto, e evitaria tsunamis, terremotos, falta d’água, quilômetros de congestionamento e outras tragédias. Ajeitaria tudo mudando uma coisa aqui outra ali sem perceber que a Lóris Lane sentia por ele alguma coisa inexplicável em seu coração.

Dizem que combater a violência com violência gera mais violência. Tecnicamente sim. Bradoc – o meu preferido – e Rambo invadiriam a Indonésia e salvariam da morte dois traficantes brasilinos. Bastaria uma ordem do Cardozo, e os “brasileiros” – como sempre os tratou a imprensa brasilina; jamais de “traficantes”, que eram, e há mais 25 anos estavam nesse negócio – seriam resgatados espetacularmente e deixados no Complexo do Alemão a salvos.

Inigualável é Vulpino Argento, o Demente, ex suplente de senador, sempre pronto a ajudar, servil como um guaipéca.

Quem seria mais hábil e misteriosa do que Capitu com seus olhos de cigana, dissimulados e de ressaca? Se ela traiu ou não Bentinho, o Dom Casmurro ninguém sabe e, o que é melhor, jamais alguém saberá. E a Rose e a Val? Ora essas não são personagens. Elas existem. De verdade.

Amantes como o boboca do Rubião pela interesseira Sofia; Dirceu e Marília, Romeu e Julieta, Jesus e Maria Madalena são insuperáveis. Ninguém jamais amou tanto assim um ao outro como nem eu mesmo consegui, embora acreditasse ser possível tanto quanto ou mais do que esses personagens. Amor é conteúdo. Casamento e festa, celebração.

Raimundo Pelado, que não tinha amigos, vivia em Tatipirun, um país onde as plantas e os animais falam; ninguém se fere ou é ofendido. Lá não há ódio e nem ciúme, sentimento que Iago sabe ser o mais incontrolável. E ele, sendo belo e jovem, coisas que agradam as mulheres, usou contra o velho Otelo marido de Desdêmona.

Ninguém ama mais o Brasil do que o Major Policarpo Quaresma; mais do que o Bolsonaro, do que o Malafaia, do que o Darci Ribeiro dando vivas ao povo brasileiro. No dizer do historiador Alfredo Bosi, “O Major Quaresma não se exaure na obsessão nacionalismo, no fanatismo xenófobo; pessoa viva, as suas reações revelam o entusiasmo do homem ingênuo, a distanciá-lo do conformismo em que se arrastam os demais burocratas e militares reformados cujos bocejos amornecem os serões do subúrbio.” Nada mais hoje do que ontem.

Apresente Jeca Tatu, Mazzaropi e Macunaíma para um extraterrestre e ele entenderá que país é esse. Depois apresente Chicó, aquele que não sabe como é, mas só sabe que é assim, e o ET ouvirá mais mentiras do que as que se ouve na Praça dos Três Poderes em Brasília enquanto não só as vacas, mas também os bois estão a tossir.

Lá o ET encontrará dois magníficos personagens dessa República. Lula, personagem de Luiz Inácio da Silva e a Mãe do PAC, personagem de Dilma Vana Rousseff.

A lógica, por não ser um dos nossos sentimentos, por ser apenas a coerência de raciocínio, pode ser uma ofensa dirigida a quem desconstrói argumentações falaciosas. Esse raciocínio válido encontra-se na filosofia, na matemática, também na ciência da computação, pela lógica. Aristóteles, o primeiro a tratar do estudo formal da lógica, como se sabe, não era um personagem nem mesmo criou algum sequer. Entretanto inspirou autores a criarem personagens cuja principal característica era o raciocínio lógico.

Esses personagens, entretanto, sempre foram caracterizados como seres frios, distantes, imperturbáveis; por tanto sem bons sentimentos. Incapazes de amar e de odiar, de sentirem medo, de desejarem fortuna, glória e poder. Esses personagens também, por falta de lógica na obra de alguns autores, eram maus, egoístas, torturados pelo ciúme, paranoicos; uma incoerência.

Mas um personagem de raciocínio lógico, e que talvez tenha dominado seu autor jamais se afastando da coerência é o Sr. Spock. O amor transformou Quasimodo. Uma planta no planeta Omicron quase transforma Spock ao dar a ele uma certa humanidade, mas sem perder o raciocínio lógico, a principal característica dos seres de Vulcano.

Data terráquea 26.3.1931: nasce Leonard Simon Nimoy, o ator que morre 83 anos depois. Data estelar 8.9.1966: nasce Spock, o Oficial de Ciência da nave USS Enterprise, cuja missão é audaciosamente ia aonde nenhum homem jamais esteve, da Frota Estelar da Federação dos Planetas Unidos. Com seu raciocínio lógico ajudou o capitão James T Kirk a enfrentar borgs, romulanos, klingons... Vida longa e próspera ao personagem.

- Senhor Chekov: dobra 4!

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 02/03/2015
Código do texto: T5155770
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