Dia da Mulher

Oito horas da manhã. Olhei para ela, que sentada ao meu lado tomava o seu café matinal. Eu a olhava, mas meu pensamento viajava longe no tempo e no espaço, lembrava o momento que a conhecera, 62 anos atrás. Estávamos ambos nos preparando para fazer o exame de admissão ao Ginasial (alguém se lembra dele?), no Grupo Escolar João Tibúrcio.

Era uma inocente garota de 13 anos - acreditem, naquele tempo ainda existia inocência - que me fitava com um sorriso tímido e um olhar acanhado quando nos cruzávamos pelos corredores do colégio.

O que se seguiu foi o curso normal das coisas: Namoramos (fui o seu primeiro namorado), noivamos, e estamos casados há 58 anos. Dois filhos, cinco netos e nenhuma queixa, pois ela possui todas as qualidades e nenhum defeito. E ainda conseguiu fazer de mim uma pessoa muito melhor.

Neste 8 de março, Dia da Mulher, quero estender esta minha homenagem a todas estas mulheres maravilhosas que nos completam e nos ajudam nesta dura caminhada que é a vida.

Abaixo transcrevo o poema que a ela dediquei há algum tempo atrás, em reconhecimento a tudo que tem feito por mim.

TUAS MÃOS EM MIM

Quantas vezes mais

Serás capaz

De me perdoar?

Até onde irá

Tua paciência

Com esta velha criança

Que tomaste pra criar?

Passo a passo

Me desconstruíste,

Modelando o homem

Que hoje existe

Daquele barro informe

Que encontraste.

Enquanto vivo estiver,

Decantarei teus valores,

Diante dos quais

Me curvo e me apequeno.

Iguais, por mais que busquem

Em seus amores,

Nada encontrarão

De tão puro e de tão pleno.

És razão de minha vida

E alívio de minhas dores.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 07/03/2015
Reeditado em 07/03/2015
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