Não memórias

Agora de manhã , quando estava amarrando o cadarço do sapato , para ir trabalhar

ele arrebentou ,um fato insignificante para alguns.Mas como eu ouço espíritos,percebi que era um sinal para falar sobre alguma coisa. Hoje é feriado de 9 de julho,deveria falar um pouco sobre a revolução de 32.Mas isto quem deveria contar eram os vovôs . Porém não me restou nenhum, eles se foram. O pai da minha mãe que acho que se chama Antônio ou José , não me lembro direito, tenho de perguntar para a minha mãe.Por isto se chama não memórias, eu não lembro muito bem das coisas, então não lembro de muito mais coisas do que estou contando. Um dia ,eu e minha mãe fomos na estação do Brás busca-lo perto do largo da Concórdia, ele tinha vindo de Pernambuco,não sei se era a primeira vez,eu era bem pequeno. Apenas me lembro do cheiro das sacarias da rua,talvez este cheiro seja de outra época , mas ele estava ali, neste momento. Acho que ele veio de ônibus clandestino,será que tinha esta coisa naquela época? Ele ficou uns dias em casa, mas não lembro nada disto. Depois de alguns anos , um dia chorando minha mãe me disse que ele tinha morrido trabalhando , o carro de boi passou por cima dele.E depois a gente foi na Igreja da Santa Efigênia mandar rezar uma missa. Do meu vô paterno, o velho Roque não lembro nada, acho que nunca o vi, talvez tenha morrido antes de eu nascer, nunca perguntei isto.Só lembro de uma foto dele, que nem seu onde está.Portanto eles não me contaram nada sobre a revolução.Que posso fazer,sinto saudades deles,do que de certa forma,são apenas saudades.Pois não tenho suas histórias,seus carinhos.Talvez minhas primas saibam de alguma coisa , ou mesmo minha mãe. Tenho de perguntar para elas , senão daqui a pouco , não teremos mais ninguém para falar deles.

carlos assis
Enviado por carlos assis em 11/07/2015
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