CONVERSA NO BOTECO DO BOZÓ E NO HAPPY HOUR POINT

No boteco do Bozó, lá na periferia da periferia, rolava um animado papo entre o Givanildo da Silva e o Germino de Souza, dois amigos e colegas de trabalho, empregados numa indústria metalúrgica instalada no ABC paulista. Ali eles se reuniam quase todos os fins de tardes, como nesta sexta-feira, após a jornada de trabalho. Na mesa, como sempre, cubinhos de mortadela, queijo, azeitonas, salgadinhos, etc., e dois “copaços” de caipirinha, repetidos várias vezes, com a exigência da caninha “51”.

Givanildo – E então Ge, Hoje nóis vai caprichá. O coringão ta por cima, o itaquerão ta lindo de morrê, a nossa, presidenta ta com tudo e já disse que ninguém vai mexê no borsa família e nem nos otros direito nosso, aquele monte de auxílio que nóis tem. E domingo o timão vai jogá. Ta bão dimais sô!

Germino – É isso aí Giva. Nóis ta por cima memo. A nossa presidenta até vai lá nas reunião dos estrangero, e vai ensiná eles como administrá a economia e tamem como se deve fazê acordo cos terrorista! Mais num dianta muito, os gringo num aprende nem a pau. Mudano de assunto Giva, o nosso coringão ta por cima, tudo bem, mais acho que o Tite precisa mexê no time pô; o meio de campo não ta bão. Acho que o Tite tem que copiá o tipo de jogá daquela seleção da Holanda, a laranja mecânica. Eles precisa jogá na defesa e nu ataque cara, iguar uma sanfona. O ataque num tem que buscá a bola lá atrais. Por isso a gente ta ganhano apertado. Mas o que gostei memo, foi o pau que nóis demo na torcida deversária. Os cara tivero que corrê qui nem os jamaicano, mais memo assim, nóis conseguimo mandá arguns pro hospitar. Kkkkkkkk

Givanildo – Falô Ge. Tamo por cima em tudo. Mais mudano de assunto, ocê vai na passeata do partido? Pô meu, eles vai distribuí lanche de mortandela, pagá nossa condução e ainda escorregá uns cobre de sobra. Nóis precisa apoiá a presidenta meu; tão achano que a Zelites ta quereno tirá ela de lá. Já pensô Ge; os cara lá do sindicato falaro que a Zelites quer tirá o borsa família, o seguro desemprego, o auxílio natalidade, o auxílio recrusão, o auxílio pros viciado em droga, acabá com o minha casa minha vida, acabá com os mais médico cubano, anulá a lei das empregada doméstica, aumentá a jornada de trabaio, diminuí o salário do trabaiadô, e ainda pru cima, eles vai vendê a Petrobrás pro Evo Morales, a troco de muita tonelada de coca, mais um cavalo de vorta. Kkkkkkkk

Germino – Mais nóis num vai dexá não. Quarqué coisa, nóis chama o pessoar do MST e as muié que quebraro o centro de pesquisa, os breque broque e tudos os sindicato pra ajudá. Sabe Giva, esse pessoar da Zelites tão falano que o Lula e a Dilma são curpados pela situação que ta piorano no Brasil... era só o que fartava! Até os estrangero do Paraguai, da Bolívia e da Venezuela, viro que os dois é a nossa sarvação. O pessoar lá do sindicato falaro que até o Lula vai ganhá o prêmio nobér da paz, mais a Dilma, pra equilibrá, vai ganhá um fusir AK 47 do Putin. Quero vê quem vai si metê! Kkkkkkkk

Givanildo – Dá um tempo, tocô meu celular. Ta bão, ta bão, daqui mais ou meno uma hora eu to aí pô. É a Guilhermina me encheno o saco. Tá sempre pegano no meu pé. Mais Ge, já tamo em novembro meu, e vem dezembro, janero , e as festa com um poquinho de carnaval. Mais logo chega feverero e aí vamo pra gandaia. Tô pensano em i pro Rio, lá a coisa é mais quente, sacô?

Germino – Belo celular Giva, é úrtima geração? O meu é, já troquei diversas veis; de véia basta a que tenho em casa meu chapa. (risos) A minha não enche o saco, já sabe que leva uns peteleco, intão fica calada. Mais, vortano a falá de torcida, vi na televisão os japoneis catano o lixo nas arquibancada! Eles é uns bobos, num tem os gari pra fazê isso? Eles ganha pra isso uai! Falaro até qui si eles achá uma cartera cheia di grana, eles leva numa repartição que percura o dono pra devorvê. Já pensô a gente fazeno isso aqui? Ocê Giva, chegano de madrugada em casa, porque ficô limpano sozinho as arquibancada, e a Guilhermina gritano cocê, sem acreditá na história da limpeza, o intão sentano a vassora nocê, porque num troce a cartera co dinhero pra casa, aquerditano que eles, lá da repartição, vai memo percurá o dono...kkkkkkkkk

Givanildo – Pô meu, ta gozano ca minha cara Ge? Não exagera meu chapa. Óia aqui, amanhã nóis num tem o qui fazê. O que ocê acha da gente fazê umas pichação por aí? Rapaiz o pessoar da pichação ta produzino pra caramba! É casa, muro pichado por tudo lado que ocê oiá. As cidade tão linda di morrê! kkkkkkkk

E dali mais umas duas horas Givanildo e Germino despediram-se, bastante cambaleantes, pegaram seus respectivos automóveis e foram para suas casas. Boa viagem aos dois, e boa sorte aos que cruzarem os seus caminhos, com a ajuda dos Anjos da Guarda.

Enquanto isso, simultaneamente, no tranqüilo Happy Hour Point, na Vila Mariana, em acolhedor ambiente, conversavam discretamente, Mário Tamashiro, Alberto Lehmann e Cláudio Abstêmio de Oliveira, todos eles funcionários da área administrativa de uma grande empresa multinacional, que após a jornada de trabalho, nesta sexta-feira, degustavam alguns salgadinhos, entre um campari, uma caipirinha de vodka e um suco de laranja para o colega Cláudio Abstêmio de Oliveira, que não bebia nada alcoólico. Estavam com um só automóvel e o Cláudio era o escalado titular do volante, na volta dos três para casa. Mário Tamashiro, formado em administração de empresas, dominava com fluência os idiomas japonês e inglês, atualmente fazendo pós-graduação. Quanto ao Alberto Lehmann, era formado em economia, fluente em alemão e inglês, e Cláudio, formado em engenharia eletrônica, falava fluentemente inglês e espanhol. Os três tinham algo em comum, sendo todos oriundos da classe média baixa e trabalharam arduamente, paralelamente aos seus respectivos estudos, participando com suas famílias no seu custeio, e não dispuseram no passado, de muito tempo para as costumeiras farras da juventude quando eram mais jovens, solteiros e sem compromissos. Todos eles, agora casados e pais de família, tornaram-se grandes amigos, e tinham mais coisas em comum, que estavam rolando. Ultimamente, começaram a notar uma maior convergência de idéias entre eles, que parece estar aumentando, inclusive a intenção de emigrarem para outros Países.

Mário – Estou cansado. Não vamos demorar muito. Neste fim de semana vou “ralar”, pois tenho provas na semana que vem. Mas diz aí Alberto, como vão os seus planos para “puxar o carro”?

Alberto – Entreguei toda a documentação e estou aguardando as notícias. Não posso perder esta oportunidade proporcionada pelo intercâmbio cultural. Se tudo der certo, irei para os Estados Unidos. Quero especializar-me na área de informática, aplicada à gestão empresarial. Quero ir até o fim da linha.

Cláudio – Você me faz pensar Alberto. Você vai buscar boa parte dos conhecimentos que eu tenho, com o objetivo de uma associação, e talvez a recíproca seja interessante. Neste caso, eu teria que estudar economia. Olhe aqui Alberto, eu desconfio que você vai e não volta. Não é badalação, mas sabemos que você é muito talentoso, e é disso que os americanos gostam. Eles vão perceber e vão segurar você por lá. O Brasil é muito pequeno para quem é demasiado talentoso. Muitos já caíram fora e muitos os seguirão. Desconfio que estejamos às vésperas de perder um excelente colega de trabalho e um grande amigo.

Mário – Não sei não, mas pelo andar da carruagem, de repente, nós três vamos manter o happy hour além das fronteiras, lá onde ele nasceu. (risos) Confesso que também já ando pensando...

Alberto - Obrigado Cláudio, não mereço tanto. Mas vou contar-lhes algo de curioso que me aconteceu. Sabemos que temos um poderoso instrumento, como uma peculiaridade do Ser Humano, que é o nosso pensamento, o qual suscita o nosso raciocínio, que por sua vez formula as nossas idéias, as quais estabelecem as nossas convicções, que afinal, determinam as nossas atitudes e as nossas ações. Era noite, fui deitar-me cedo, mas não conseguia pegar no sono. Lembrei-me de vocês e de um “papo” que tivemos tempos atrás, e fiz, mentalmente, uma associação das idéias então manifestadas. Coisa esquisita, mas no happy hour é lugar adequado para se jogar conversa fora, não é mesmo? Então fiquei imaginando: nós três não somos índios; não somos quilombolas; não fazemos parte de grupos marginalizados, discriminados ou oprimidos. Não somos invasores de propriedades alheias, sejam rurais ou urbanas; não moramos em uma “comunidade”, cortiço, favela, tendas de acampamentos, debaixo de pontes e viadutos, nem em abrigos para indigentes. No vigor da nossa juventude, graças a Deus, desfrutamos de boa saúde e não temos deficiências físicas. Além disso, não usufruímos de quaisquer tipos de cotas, não somos viciados em drogas (nem cigarros normais). Também não recebemos bolsa família, nem qualquer outro tipo de benefício. Não somos inscritos no MST ou em partidos políticos, e não participamos de passeatas ou protestos violentos. Não ateamos fogo nos ônibus, não fazemos barreiras de pneus em chamas, nunca fomos presidiários, nem tivemos problemas com a polícia; não somos ativistas e não atiramos pedras, coquetéis molotov, nem soltamos foguetes sobre as pessoas ou a imprensa. Não somos “Black-block” e não pertencemos à geração “nem - nem” (nem estuda, nem trabalha), tampouco promovemos quaisquer tipos de desordens e danos à propriedade pública e privada. Pagamos os impostos, e pagamos também os nossos estudos, feitos à noite, com os nossos salários dos empregos diurnos. Assim como não fizemos uso da rede pública de ensino, não usamos a rede pública de saúde, pois temos convênios médicos particulares, pagos com dinheiro das nossas famílias e o nosso próprio dinheiro, mesmo porque essas instituições públicas funcionam precariamente e com péssima qualidade nas suas respectivas especializações. Como somos invisíveis, e não somos criminosos, os ingênuos (será?) defensores dos direitos humanos não nos conhecem e não se preocupam conosco, porque representamos a sua própria inexistência, pois se todos fossem invisíveis, eles não seriam necessários. Na verdade, o lado obscuro do Ser Humano, a criminalidade, formou um poderoso e amplo segmento da economia, do qual participam, não com a identificação de criminosos, um enorme contingente de mão de obra, sustentado pelos recursos públicos, ou por nós, os invisíveis. Ora, esse poderoso e amplo segmento da economia, não tem, é claro, nenhum interesse em que o fundamento em que se baseia seja completamente eliminado. Isso seria equivalente à sua própria extinção, pois não seriam mais necessários. Se ampliarmos este raciocínio, estendendo-o a todas as modalidades da criminalidade e toda a estrutura sócio-econômica que a envolve no Planeta, então poderemos compreender que ela jamais será extinta, ou mesmo simplesmente reduzida a níveis mais suportáveis. A economia voltada para os interesses financeiros ilícitos é muito grande, devendo representar, em termos globais, em torno de 80% da atividade econômica mundial. Acham um absurdo? Então observem a situação atual em que se encontra o nosso querido Planeta

Mas, voltando ao nosso contexto aqui no Brasil, nós os invisíveis, não somos considerados “trabalhadores”, porque usamos terno e gravata, em lugar de macacões ou outros uniformes operacionais, condizentes com as diferentes especialidades, e somos apelidados de Zelites. Curiosamente, temos um estranho paradoxo: os políticos brasileiros também não nos conhecem e nem desejam nos conhecer, pois não fazemos quaisquer tipos de negócios com os nossos votos, mas nós também não os conhecemos e nem desejamos conhecê-los, pois como eles são iguais, nunca sabemos em quem votar, mas que, muito a contra gosto somos obrigados a fazê-lo, numa esdrúxula “democracia capitalista”, onde o Estado é o maior interventor na economia, onde o Poder Legislativo não tem nenhuma personalidade e não é dono do seu nariz, pois a Instituição se vende como a prostituta vende o seu corpo, onde o Poder Judiciário é negligente, não é justo e não funciona, onde o Poder Executivo é absolutamente incompetente na gestão dos recursos públicos, e onde o Governo, como um todo, está profundamente comprometido com a corrupção, juntamente com muitas outras instituições públicas e privadas, onde a figura de Estadista não existe, pois foi substituída por populistas e falsos ideólogos, onde o “patriotismo” do povo só se observa como arremedo, nas copas mundiais de futebol, tudo embolado dentro de um País que, infelizmente, não é e nunca foi uma Nação. O Brasil precisa se posicionar e decidir sobre duas alternativas fundamentais: 1- eliminar abrupta e ativamente o joio; 2- ou permitir, passivamente, a progressiva auto-eliminação do trigo, conscientes de que a erva daninha sempre continuará nascendo, e que o seu combate é infinito. Vale lembrar, como poderoso elemento gerador da erva daninha, que quando “os de cima” perdem a vergonha, “os de baixo” perdem o respeito, e a vergonha também. Peço desculpas a Vocês, acho que esse campari me “esquentou” um pouco...

Cláudio – Não sei o que você pensa Mário, mas por quantos brasileiros será que o Alberto falou? Não sabemos, pois esses são os brasileiros que vivem trancafiados em suas próprias residências, protegendo-se como podem, tanto dos bandidos da base, como dos bandidos do topo da pirâmide. Eles ficam em silêncio, não têm uma saída, não têm com quem conversar, não têm em quem confiar, não têm no que acreditar! Eles não têm nada!!! Eles se concentram em si mesmos e na sua amada instituição: a Família. Mas, são eles que pagam as contas, nos dois sentidos, e os que menos usufruem dos benefícios, em todos os sentidos.

Mário - A não ser que todos estejam pensando em fazer o que nos três estamos pensando. Seria mais uma curiosidade... o Brasil perderia metade da sua população! Já pensou como ficaria o restante? Que Deus tenha piedade dessa metade, encurralada num beco sem saída, sem nenhuma luz no fim do túnel. É angustiante! O problema é que a Democracia tem um poderoso inimigo, intrinsecamente instalado nas suas próprias entranhas e, por incrível que pareça, ele se chama liberdade. O grande problema da Humanidade está no próprio Ser Humano, que em função da sua imperfeição original, carrega consigo, como órgãos de si mesmo, três deficiências mortais: 1- não sabe fazer uso correto da liberdade; 2- não sabe utilizar, com sabedoria, os conhecimentos que adquire; 3- simplesmente porque ele não possui a sabedoria. Assim, em função destas peculiaridades, a Democracia acaba se “suicidando” involuntariamente, pelas distorções da liberdade. O regime totalitário de esquerda suprime radicalmente a liberdade, restrita apenas aos donos do poder, que são Seres Humanos, e que com todos os poderes concentrados e sem resistência, pela falta total de liberdade, sempre acabam levando o Estado à falência ética, moral, social, política e econômica, pois a concentração de poderes é muito pior e mais perigosa do que o mau uso da liberdade, ambos decorrentes da má qualidade do Ser Humano. O regime ideal seria o Anárquico, desde que o Ser Humano fosse perfeito...

Os maiores desastres da Humanidade ocorreram em função da concentração do poder, como atestam o grande, poderoso e duradouro Império Teológico Católico, o Império Romano, o nazismo de Hitler, e o comunismo de Stalin e Mao Tsé tung, que, todos juntos, ceifaram muitos milhões de vidas humanas. Para se ter uma idéia, somente o ditador chinês foi responsável direto pela morte de 70 milhões de pessoas. Portanto, não importa a ideologia que promoveu a concentração do poder, mas sim este em si mesmo. O primeiro teve conotação pseudo-religiosa, o segundo a dominação e expansão territorial, o terceiro uma discriminação étnico-racial e os dois últimos uma ideologia utópica, falida a priori, porque é inexeqüível em razão das características intrínsecas do Ser Humano. Entretanto, nos Países subdesenvolvidos, onde a Democracia ainda não se consolidou como já aconteceu nos Países do Primeiro Mundo, quando a progressão da má utilização da liberdade o exigir, faz-se necessária uma transitória, e de curta duração, abrupta intervenção, para a devida recolocação da liberdade responsável nos seus eixos, com a necessária limpeza e lubrificação, eficiente, rápida e profunda, dos seus mecanismos, depositando a sujeira no devido lugar e religando o “motor” da Democracia, devidamente “recondicionado” e limpo. E isso, tantas vezes quantas forem necessárias, até a sua efetiva consolidação, sob pena de contemplar o seu desmoronamento e o surgimento do poder concentrado, em uma das suas vertentes: extremismo pseudo-religioso, étnico-racial, político-ideológico, ou quaisquer outros que sejam convenientes aos ditadores de plantão. É claro que estas “limpezas” têm um custo desagradável, mas todos os Países que hoje ostentam as melhores condições de vida social e os melhores índices indicadores do IDH tiveram que pagar esse preço, e o fizeram, por isso são hoje os melhores. Essa condição é o preço do aperfeiçoamento, seja ele material, seja ele espiritual, e isso já foi escrito há muito tempo, às vezes, até custando vidas de inocentes, infelizmente. Estão chocados? Então verifiquem a média diária atual de mortes de pessoas inocentes, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ambos quase já com dois governos paralelos, melhor ainda no Brasil todo, vítimas de latrocínios, seqüestros, arrastões, balas perdidas na luta entre policiais e bandidos, chacinas, acidentes por imprudência e alcoolismo ou negligências de diversas naturezas, num País à beira do caos, quase que já fora de controle. Observe-se finalmente, o grau de corrupção a que chegou o Brasil! Será que já não é tempo de uma nova recolocação da liberdade nos seus eixos, para que seja exercida com a devida responsabilidade, ou seguimos para o caos?

O Ser Humano, como tal configurado pela evolução, então como o gênero plenamente definido, demanda uma trajetória de 70.000 anos, dos quais 30.000 anos na condição de Homo Habilis, então como detentor da plenitude da sua racionalidade, tempo este, suficiente para que ele produza tantos estragos no Planeta Terra, que é a sua Casa, o seu Lar. A própria racionalidade, é óbvio, está inserida na evolução, que é exponencial, mas apesar disso, até este início do século XXI, o Homo Habilis não conseguiu sequer superar e ultrapassar a fase tribal, pela formação de uma Humanidade homogênea, sem fronteiras, ocupando um “País” único, o Planeta Terra. Ao invés de aplicar os seus conhecimentos acumulados nesse estágio racional, bem como os recursos disponíveis, para a solução dos problemas, a maioria dos quais ele mesmo produziu no seu habitat, e que não são poucos, ele esbanja recursos na vã tentativa de encontrar outro Planeta igual ao seu, para onde os habitantes do chamado Primeiro Mundo poderiam ser deslocados, diante da impossibilidade da continuidade da vida humana no seu próprio Planeta, que ele sabe, sobrevirá. Temos aí, então, bem definida, a má aplicação dos seus próprios conhecimentos. Sem falar na estupidez das guerras.

O Homo Habilis (o Sapiens não existe) é arrogante na sua racionalidade, e imagina conhecer praticamente tudo, inclusive as Sagradas Escrituras, nas quais se detém, contrariando as advertências, apenas na sua literalidade, perdendo-se nas suas fábulas e genealogias. Então, os Seres Humanos que estão tentando evadir-se deste Planeta, não perceberam que este foi, como uma metáfora, o grande problema gerado por Lúcifer, quando não respeitando os limites que lhe foram estabelecidos, tentou invadir os domínios que não lhe foram atribuídos, o que se observa, com meridiana clareza, no texto: (Judas 1:6 – Os anjos que não mantiveram seus domínios, mas deixaram a sua própria habitação, ele os têm confinado nas trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia.) Temos aí, a falta de sabedoria. Quanto a não saber fazer uso correto da liberdade, não é preciso citar exemplos, basta olhar à nossa volta, ou talvez, em nós próprios. Seja como for, a Democracia, mesmo com as suas imperfeições, ainda é o melhor sistema disponível, principalmente quando associada à plena liberdade da iniciativa privada na economia. O Estado deve intervir o menos possível, mantendo a ordem com todo rigor, administrando com eficiência e honestidade os recursos públicos, cumprindo suas obrigações quanto à educação, saúde, segurança, mobilidade social e distribuição de uma verdadeira e eficiente justiça, realmente igualitária e imparcial. Além disso, todo o planejamento para a implantação da infra-estrutura capaz de sustentar o desenvolvimento do País como um todo. Uma Nação!

Curiosamente, esse tipo de cidadão figurado pelo Alberto, que não usa macacão, mas terno e gravata, que só trabalha e só pensa em estudar, diverte-se com moderação, sempre acompanhado pela Família, não se aliena a nada, e que é quase invisível, em quaisquer regimes políticos que se adotem, não sente falta de liberdade! Sabem por quê? Por uma razão muito simples: Porque ELE é livre... de toda a sujeira que o cerca, e onde quer que ele esteja, essa liberdade é sua companheira inseparável! O Cristão verdadeiro, não aquele “da boca pra fora”, conhece a fundo esse tipo de liberdade. (Romanos 8:21 - ...todavia, com a esperança de ser também libertado do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus).

E assim os três amigos concluíram mais esse agradável (ou não) bate-papo e o Cláudio assumiu o volante do carro, retornando todos para suas residências, para o merecido descanso dos justos e responsáveis. Mas, diante de tudo isto, apenas como observadores, ficamos indecisos ante o fenômeno Sabedoria: a maioria sabe em quem votar; a minoria não sabe em quem votar. Talvez, nem sempre saber seja melhor do que não saber ?!?! Daí surgindo a pergunta: Quem sabe? Neste caso, talvez possamos concluir que o Brasil sempre foi governado pela Sabedoria, muito especialmente, nestes últimos quase treze anos, pois as escolhas foram feitas pelos que sabem, assim como estão na posse do saber o Givanildo e o Germino! Eis então, que exclamo enfaticamente: Oh que confusão, “só sei que nada sei”! Viva Sócrates! (o Filósofo)

Obs. O Estadista adota a política de ensinar a pescar, formando o cidadão esclarecido e participativo, que contribui para o fortalecimento do Estado e a formação de uma sociedade educada, disciplinada e produtiva, com percepção clara do significado de Patriotismo e de Nação. O populista adota a tática maliciosa e com segundas intenções, de dar o peixe e o circo, com o dinheiro dos “invisíveis”, pois os beneficiários do peixe e do circo consomem as suas próprias e ínfimas contribuições mais uma parte das contribuições dos “invisíveis”, os quais quase não se utilizam dos serviços públicos. Com isso, os populistas formam vassalos tolos, ignorantes, negligentes e cativos, que se transformam em pesados fardos sobre os ombros dos pescadores independentes (os invisíveis), cujos fardos aumentam exponencialmente, inviabilizando o progresso do Estado que se torna incapaz de produzir tanto peixe. Temos os exemplos diante do nosso nariz.

Os animais irracionais ensinam os seus filhotes a nadar, a pescar, a caçar, a apanhar os frutos, a sobreviver por conta própria. O populista devia aprender com eles... O Macaco Prego seria um bom professor, para começar... Mas, enquanto o “gigante” não acorda, oremos: Pai nosso...