HOJE SOCORRI UMA LÁGRIMA

HOJE SOCORRI UMA LÁGRIMA...

Hoje pendurei a tristeza numa vírgula, dobrei a esquina da alma e socorri uma lágrima que lutava em não se precipitar no abismo do por quê.

Subi a longa escada da Esperança e mergulhei no ténue mar da Fé.

Lembrei São Tomé, de suas dúvidas, até, mas também e especialmente das palavras e ensinamentos do Filho de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo e de suas promessas na ressurreição.

O vento segreda-nos segredos, o dia confabula, e em cada boca, em todo o lado, junta-se ao sombrio do dia dedicado aos finados aquela saudade pelos entes queridos que partiram.

Há cicios de orações e, genuflexos corações recordam aqueles que partiram para outros páramos, que, entretanto ninguém sabe onde ficam, dizem, uns que, em terras onde correm rios de mel imensa variedade de flores e cânticos inefáveis de anjos diuturnamente, outros, contudo, ficam-se pela tortura da dúvida.

Assim caminha a humanidade, assim são os nossos caminhos, assim é a vida - distância não sabida a ser cumprida.

Uma só humanidade e um só destino: a eternidade. Donde viemos, para onde vamos são perguntas que todos nós e a nós perquirimos. Enquanto isso e apesar disso, caminhamos, cabeça erguida, olhos ao alto, apesar às vezes de alma jungida ao sofrimento, mas também a festejar a vida, pois, a vida é bela, apesar dos pesares.

Desde Adão o homem é o principal responsável pelas suas pequenas e maiores tragédias. Mesmo conscientes que a vida é fugaz, átimo de tempo, o homem, contumaz, cegamente, teima em encurtá-la ainda mais e fá-la mais insuportável matando-se uns aos outros como bestas-feras, quando tudo devia fazer para promover a paz e a amizade, enfim, a vida nosso bem maior.

Segundo estatísticas só o HIV e a Aids tiraram a vida de cerca de 1,7 milhão de pessoas só em 2011. Paralelamente à pesquisa na procura de novas moléculas ao combate destas doenças, são gastos muitos milhões na produção de novos remédios para a cura e prevenção de outra doenças.

Quanto vale uma vida? Afinal, somos mais valiosos do que possa parecer à primeira vista. Quando os pesquisadores somam o valor químico das partes que compõem o corpo humano, podem concluir que não valemos muita coisa. Contudo, uma revista americana estima que, ao considerarmos o valor monetário de nosso coração, dos pulmões, dos rins, do DNA e da medula óssea, cada um de nós vale extraordinários US$ 45 milhões.

Ora, o ser humano não é apenas corpo, é corpo, alma e espírito:

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança... à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.

O homem é dotado de uma capacidade enorme para amar e experimentar as maiores alegrias da vida. Nesse sentido e por isso é ainda muito mais valioso do que aqueles frios números atrás referidos, pois ele é a obra prima, de toda a natureza, ou assim intuímos?

Eis a incoerência do ser humano, enquanto uns gastam suas vidas na procura obstinada da cura ou alívio do sofrimento desta pobre e desvalida humanidade, tem os mentecaptos maquinando maneiras cada vez mais sofisticadas de matar, numa clara transgressão ao sagrado direito de viver. Viver, direito inconteste de cada um de nós, viver e deixar viver, poderia ser tão simples assim.

Eduardo de Almeida Farias