Sobre a adolescência e ser adulto.

Hoje eu me deparei com um blog que tinha uma matéria que dizia "coisas que eu gostaria que tivessem me contado na adolescência". Nele conta que os gigantescos turbilhões que nos aparecem como GIGANTESCOS durante a adolescência são normais e que as coisas de forma ou outra até que ficam bem. Que todos iremos sentir nossos corações partidos, vamos nos cansar, se entediar, falhar (milhares de vezes) e etc...

Eu achei uma reflexão bastante legal, já que me enxergo em muitas dessas reflexões como também ainda passo por algumas daquelas fases... Porém, ao ler os comentários, eu me deparei com pessoas manifestando que gostariam que tivessem contado essas coisas nas suas adolescências. Havia certo tom de que isto os teriam poupado de todos aqueles sofrimentos e confusões intensos...

Sinceramente eu considero que este desejo é irrealizável...

A questão é que não adianta tanto quanto se gostaria falar essas coisas para alguém na adolescência... Esta é uma fase em que a gente dúvida muito das pessoas mais velhas e sentimos que estamos no momento em que queremos definir por nós mesmos a nossa personalidade e nossas experiências. Então a gente nem acredita, ou até concorda que isto possa acontecer, mas quer ir e descobrir se é aquilo mesmo. É aquele sentimento intenso de que não importa tanto o que se vai passar por suas escolhas, mas sim que o mais importante é que a escolha seja total e exclusivamente sua. É a grande busca (cada um buscando da sua forma)...

Também acho que se formos pensar nisto de forma mais reflexiva, talvez também seja importante passar por essas experiências.. Elas que nos fazem entender as coisas profundamente ao invés de somente saber que as coisas existem. Elas nos permitem ultrapassar a parede entre o "saber" e o "entender" algo .. Acho que estas coisas (e muitas outras) são aquelas que dão um sentido realmente significativo para a vida... É bom e importante sentir essas coisas, tanto quanto também é maravilhosamente interessante aprender a lidar com tudo isto por suas próprias pernas..

...

Quando essas zicas da vida aparecem para mim e me dão a impressão de que vão me rasgar ao meio, às vezes eu ainda me lembro de um poema de uma amiga minha que faleceu à alguns anos atrás escreveu:

"O que é o lixo?

O lixo é vida.

De onde vem o lixo?

O lixo vem da terra, e para onde ele tem de voltar?

Para a terra.

O lixo é pouco aproveitado, ele também é poesia.

Que se saiba procurar a poesia no lixo. Lixo é vida,

portanto é só procurar a sua poesia.

As coisas nojentas, repulsivas, também são vidas.

É uma fermentação vital;

Ali, há milhões de germes na transformação da matéria orgânica.

E digo mais: quando vir um monte de lixo, veja além do monte de lixo.

Veja nele, por exemplo, o seu sorvete de morango,

tão bonito, tão colorido, de sabor tão suave".