EM BUSCA DO CONHECIMENTO

A grande maioria das pessoas, no mundo todo, deseja, é claro, obter conhecimentos, cuja obtenção tem início na educação familiar, e se estende através de ciclos distintos e organizados na educação escolar, sendo acrescidos dos conhecimentos adquiridos pela experiência de vida, os quais, todos conectados, formam o patrimônio cultural arquivado no intelecto de cada indivíduo. Além das potencialidades e dons que são impressos pela Natureza, independentes da vontade humana, é evidente que o indivíduo nascido em uma família mais culta e melhor situada na pirâmide social, detém uma grande margem de vantagem sobre aqueles menos afortunados. Mas, de todo modo, a busca pelos conhecimentos se constitui numa longa, exaustiva e árdua jornada, que depende muito do indivíduo, independentemente da sua condição social, e do Estado, que deve organizar a estrutura física e técnica da educação, oferecendo as condições necessárias para que todos tenham acesso aos seus benefícios. Sem as condições favoráveis, restará ao indivíduo apenas o autodidatismo, o caminho para os heróis. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, a maior parte da população não consegue concluir essa jornada, percorrendo apenas as etapas iniciais, muitas vezes em situações precárias, condições deploráveis e qualidade inferior de ensino. É claro que esse cenário é desastroso para o desenvolvimento de um país, pois ele se baseia, fundamentalmente, na educação do seu povo, consagrando o princípio de que “conhecimento é poder”, em todos os sentidos.

O Ser Humano (Homo Habilis) estabeleceu a sua supremacia e o comando sobre todos os outros animais, através do conhecimento amplo e diversificado que o seu intelecto conseguiu assimilar, produzir e multiplicar. Assim, ao longo do tempo, ele consolidou plenamente o seu predomínio, e então, o Homo Habilis deixou de ter adversários à sua altura, senão ele próprio, expondo a sua idolatria à cobiça, ao orgulho, à inveja e ao ódio, numa batalha canibal de conhecimento contra conhecimento, e a seguir, desenvolveram-se complexas adições aos conhecimentos e passaram a prevalecer, também, “acessórios” objetivos ou subjetivos, os quais aprofundaram, inovaram, aperfeiçoaram e potencializaram os conhecimentos, no “moto perpétuo” das pesquisas tecnológicas e nos subterrâneos dos “acordos de interesses” nos bastidores, explícitos ou não, cujo conjunto é que faz a diferença, identificando os melhores detentores dos conhecimentos e também da astúcia, que serão determinantes na imposição do predomínio, que sempre carrega a cobiça à sua frente. A História da Humanidade nos mostra a alternância dos povos da Antiguidade, de Instituições e dos Impérios que se sucederam no exercício do predomínio, e a força das armas, o poder econômico, sob o comando dos conhecimentos, estabeleceram predomínios transitórios, que sempre se repetirão na conturbada jornada da Humanidade, carente, porém, do melhor de todos os ingredientes: a Sabedoria. Essa carência de Sabedoria se manifesta duplamente, pois o conhecimento racional humano é limitado compulsoriamente em relação ao acesso ao conhecimento espiritual, e poderá também ser limitado opcionalmente, em si mesmo, quando a racionalidade percebe o risco de extrapolar as leis da natureza e colocar em perigo o próprio Ser Humano, ou a Humanidade como um todo. No primeiro caso a limitação funciona, pois independe da razão, mas no segundo caso a estupidez humana prevalece, conforme atestam, o surgimento de novas doenças relacionadas às pesquisas científicas e a experiências temerárias e irresponsáveis, e pela falta de solução para o destino dos resíduos radioativos. Isso tudo, sem falarmos do uso do conhecimento nas guerras e quaisquer outros tipos de ações violentas, assim como na devastação do meio ambiente (destruição das florestas, extinção de espécies, poluição da água, da atmosfera, do solo e contaminação dos alimentos).

Ocorrendo um atraso muito grande em acompanhar a evolução dos conhecimentos, o indivíduo permanece nos degraus inferiores da pirâmide social, sem nunca entender o sentido das circunstâncias que envolvem a sua própria existência, das quais tem apenas uma percepção superficial, tornando-se um teleguiado pelas inúmeras facetas do engodo. A subnutrição intelectual impossibilita, por exemplo, a percepção das sutilezas das armadilhas das “inofensivas” propagandas enganosas do mundo dos negócios de produtos e serviços, a avaliação das ações do governo local através de todas as suas instituições, incluindo o seu posicionamento no cenário Internacional, onde, por exemplo, a América Latina composta no Mercosul e os seguidores do bolivarianismo, optaram pelo populismo e pelo isolamento comercial, enquanto o México, Chile, Colômbia e Peru se integraram à Aliança do Pacífico com objetivos econômicos e não ideológicos. O grande problema, é que o Mercosul é um bloco de pobres na produção, e mais pobres ainda no consumo, onde a economia, que é o seu fundamento, está a serviço da política, transformando-o num bloco puramente político, agarrado à ideologias fracassadas, falidas e abolidas do mundo civilizado moderno. Como se pode prever, a falta de conhecimentos, quando se generaliza em vários países de um mesmo Continente, simultaneamente poderá conduzir rapidamente esse Continente ao último lugar, no bloco dos miseráveis e subdesenvolvidos.

Com efeito, quando esse atraso atinge o Estado, ele é mortal, pois impossibilita a exata compreensão dos fenômenos e das suas conexões e desdobramentos, na esfera nacional e na internacional, no contexto da globalização, e quando em nenhuma das áreas ocorre uma ruptura, inclusive na social, a economia se encarregará de fazê-lo, pois é a única que não pode ser mascarada por longo tempo, e por si mesma, ela detona a ignorância oriunda da falta de conhecimentos e da superposição ideológica. Às vezes, conforme o tamanho do “elefante branco” e o seu poder de coerção das liberdades, o tempo pode se estender bastante, mas como se viu, o Império Soviético desabou com a sua desintegração econômica e política, e a China, com a sua milenar experiência, rapidamente, introduziu profundas alterações na economia, tornando-a compatível com a economia de mercado, antes que explodisse a sua ruptura. Isso lhe garantiu a conquista do posto de segunda maior economia do Planeta, ultrapassando o admirável Japão! Mas, nos países onde o governo é extremamente carente de conhecimentos, ocorrem as rupturas e o Povo sempre paga a conta, infelizmente também aqueles que não apoiavam a ideologia falida, não por acaso, os que têm mais conhecimentos.

Os países conduzidos pela inteligência do estadista culto, que sabe fazer uso correto dos conhecimentos, não são iguais aos países conduzidos pela inteligência do populista semi-alfabetizado, que não possui conhecimentos e que faz uso malicioso da astúcia. O Povo culto, que possui conhecimentos, identifica com facilidade o estadista e o populista, assim como sabe avaliar a eficiência do governo na administração do seu País. Ele vê com clareza e independência, os países que progrediram, os que estão progredindo, os que estão na miséria e os que estão a caminho da miséria. Em toda a História, esses exemplos sempre estiveram, assim como estão, bem diante do nosso nariz! Mas semi-alfabetizados não vêem, não ouvem nem podem entender, que a origem é política, a ruptura é econômica, podendo ocorrer a ruptura social, e quem paga a conta são eles mesmos, e também os seus compatriotas que não caíram no conto do vigário. Também não percebem que “nunca antes na história deste País”, tantos ignorantes e corruptos perderam a modéstia, e como erva daninha, infestaram toda a estrutura do governo, numa diabólica metástase, conduzindo-o ao caos econômico, político, jurídico, administrativo e social Qualquer semelhança entre as características acima delineadas, com países que eventualmente o Leitor conheça, não é mera coincidência. O enquadramento desses países, no entanto, fica totalmente sujeito ao critério pessoal, o que é uma tarefa muito fácil para o conhecimento, muito difícil para a ignorância, muito duvidosa para os astutos e maliciosos beneficiários da própria astúcia e defensores da falida ideologia do fracasso, que não existe mais no mundo civilizado, mas que alguns países subdesenvolvidos, teimosos masoquistas, adeptos do fracasso e da miséria e condescendentes com a corrupção, continuam idolatrando.