Meu primeiro natal.


Sim, meu primeiro natal no sentido pleno restrito  e
genuíno do termo.  Este natal de 2015, foi gestado e dado

à luz, sem neve, charme, cristais ou coisas semelhantes.
__ Ele chegou para mim e meu marido, em meio ao calorão  do pantanal.
Mais exatamente à  beira do rio nabileque,na ilha do mesmo nome.
Aqui, entre animais e aves exóticas armei o presépio. 
Tudo simples e original não fora as frutas natalinas importadas, nozes,  luxos que ainda arrastamos conosco.
Mas até isso acabou contribuindo  para alegria nossa e dos que ficaram lá por falta de opção. 
No mais tudo correu como sonhamos: levar um pouco de calor humano para as pessoas do lugar, as mais carentes e solitárias. 
    Conforme dizia, armei o pequeno presépio na varanda à  luz das estrelas. Coloquei as castanhas, frutas e todas as delícias  natalinas ao nosso dispor no mercado.
      Foi gratificante ver a alegria curiosa  no riso e nos olhos dos peões. Enquanto degustavam tudo, iam perguntando sobre as iguarias com uma avidez  enorme, quase infantil. Diziam que precisavam contar tudo aos que não estavam presentes.
Esse foi mesmo um natal diferente e muito gratificante pois além de comemorar  nascimento de Jesus, tive eu mesma duas surpresas, uma delas esperada há  muitos anos e até considerada uma dádiva  porque não acreditava pudesse acontecer. 
Minha primeira surpresa, veio de um rapazito de 17 anos, morador na vizinhança. Ele se aproximou do presépio  e tomando o menino Jesus nas mãos pediu que contasse a história do natal. Queria saber tudo da mãe de Jesus,  da família,  o que  os animais faziam ali, etc, e enquano eu falava, ele ouvia com os olhos e com uma expressão  encantada. Nunca havia festejado o natal. Não  tinha familia! Sua alegria me contagiou e emocionou. Queria aprender rezar, e eu tratei de atendê-lo o melhor que pude.
       A segunda surpresa , a  grande surpresa, foi quando 
voltavámos para Campo Grande. Para tomarmos nossa condução , temos que atravessar o rio de bote. Nabileque é  uma ilha. Essa surpresa, fez parte do pacote de graças  
suplicadas desde que compramos a fazenda em 1985...
Em certos trechos, o rio se torna um pequeno canal fechado pelos camalotes   e então  se faz necessário desligar o motor do bote e usar a zinga. Nesse momento de silêncio a graça se deu.Um casal de onça pintada,  saltou diante de nós,  do barranco.  O que deve ser o macho,  nadava à  frente e a fêmea  logo atrás.  Nadaram calmamente diante de nossos olhos deslumbrados e ao chegarem à  outra margem, o macho pulou para o barranco e ficou aguardando a fêmea.  Após  ela chegar, acreditem, ele se vira para ela e aponta para a frente. Então  seguem mata à  dentro. Que garbo, que elegância. Que esplêndido casal!  Ficamos todos rindo à  toa  em estado de graça! !!!