O CASAMENTO DA POETISA
Edson Gonçalves Ferreira

Esta crônica nasce de um sonho vivido na BDL. Na beirada da linha férrea cruzada com os sonhos de Francisco de Assis, incorporado pela presença franciscana em Divinópolis e, ainda, pelo laço firme da amizade que transcende décadas entre dois poetas bem mineiro que, quando não dizem uai, suspiram.

A poetisa todo mundo já sabe quem é: Adélia Prado. É ela mesmo  só que, na época, não era essa giganta que não se chama Frederica, mas Adélia, a Dona Doida de Deus. Essa história é bem antiga, pois quero contar apenas um fato curioso que aconteceu comigo, no  casamento de Adélia Prado com José de Freitas no qual, graças ao bom Deus, estive. Sempre fui amigo dos dois.

Eu era ainda adolescente e já militava com os franciscanos, participando do Movimento de Orientação Vocacional com Frei Mariano, Frei Miguel (em memória) e Frei Francisco Duarte OFM, hoje, vigário do Santuário de Santo Antônio. Nós íamos ao Beco dos Aflitos, perto da casa dos pais de Adélia. Aproveitávamos o muro da E.E. Halin Souki que, na época, funcionava ali, para fazer teatro.  Éramos sonhadores!

Aconteceu que fomos convidados, generosamente, para o casamento de Adélia Prado na Igreja São José e, é claro, que não perdemos. No dia, eu vestia uma camisa branca de linho que custara uma nota preta e, naquela época, roupa era luxo. Eu era arrimo de família. – Será que todo mundo, hoje, sabe o que é ser arrimo de família? – Bem, só me lembro da Adélia maravilhosa vestida de noiva. Ela é linda de qualquer jeito até hoje! Só que, quando ela entrava na igreja e passava a meu lado, uma pomba que voava dentro da igreja que, ainda, não tinha forro, resolveu soltar o seu cocô na minha camisa novinha, novinha. Foi um vexame para mim. Eu jamais me esquecerei da minha vergonha! Nunca me esquecerei.

 
Divinópolis, dezembro de 2015

 

 

 

 
edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 18/01/2016
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