Alcíbia

Considero bacana e de extrema importância as mulheres assumirem posições nunca dantes imaginadas, serem donas dos seus próprios narizes, dos seus gostos, dos seus guarda roupas, poderosas e absolutas. Eis aí a questão.

Acontece que ninguém é absoluto, ninguém se basta e dentro de uma sociedade civilizada temos a necessidade do outro.

Devo ser um ser de outro planeta, ou do século passado, mas ainda acho romântico e essencial o ser cuidada e protegida. Dou valor considerável aquele que enfrentaria o dragão e subiria na torre do castelo para me resgatar e me levaria num cavalo branco para o altar. Sou pisciana, desculpa aí.

Gosto de ser menina e fazer coisas de menina. Perco tardes no cabeleireiro, assisto e choro em comédias românticas, gosto de saber das novidades do mundo fashion, luto contra a balança, compro cremes anti-idade, adoro um vestidinho, um chocolate, café com as amigas e enlouqueço com o cor-de-rosa.

Tenho meu lado Alcíbia, meu lado guerreiro e forte de mulher e mãe trabalhadora, a cada dia um leão para enfrentar. Entretanto, confesso, ser forte o tempo todo cansa, me dá dores na lombar, não tenho tanta força assim, definitivamente, não me atrai.

Jamais conseguiria suportar sozinha as agruras do dia a dia. Saber que no final do dia eles estão lá, acalma a alma. Gosto de trabalhar, gosto da minha profissão, mas com parcimônia, pois, uma vida ocupada demais, como já filosofou Sócrates, torna-se vazia, e isto, meu caro, eu dispenso.

Toda mulher necessita de um homem mais homem que ela.

Isso é da natureza feminina. Por mais que queiramos, não nos cabe um papel que não é nosso.

Estou falando em ser sim, forte, guerreira, lutar pelo seu espaço e adquiri-lo honradamente, mas sem deixar de ser mulher, sem esquecer a essência.

Pois viver tantos personagens em vinte e quatro horas é sim coisa de mulher e não é pra qualquer uma.

E ter com quem dividir o café, as alegrias e os problemas, deixar-se cuidar e acarinhar, é erário a se guardar e cultivar e não há filosofia contrária que o valha.