Noturno

Bom dia meus caros 23 fiéis leitores demais e 36 sazonais. Não pude vir ontem, no Baca dia e na Baca hora, tampouco deu pra avisar. Acontece. Eis-me aqui, então.

NOTURNO

O vigia estava em sua guarita, na madrugada. A luz apagada e o vidro escuro impediam que se visse se ele estava lá ou não, se dormia ou se estava acordado. A maioria de seus colegas tirava um cochilo a esta hora da noite e as pessoas sabiam disso.

Ouviu o barulho do carro. Deu uma olhada no monitor da câmera externa. O veículo estacionou a uns cinquenta metros. Um casal desceu. Ele saiu da guarita e deu uma olhada, para averiguar. Pareciam ser moradores do prédio. Não o viram, por certo por suporem que ele estava numa soneca. Atracaram-se num beijo feroz. Escorregaram para o lado do automóvel, pelo que ficava escondido da visão de onde estava.

- Ih, isso vai dar coisa - pensou.

Voltou para a guarita. Discrição era algo caro em sua profissão. Ali não era o local adequado para estar fazendo aquilo, mas isso era problema deles, ora, não ia se incomodar com os moradores.

Uns 15 minutos depois vê brilhar no monitor uns faróis. Outro carro se aproximava. Saiu da guarita e ficou observando. Não deu outra. O veículo parou do lado do carro do casal e eles levantaram do chão, recompondo-se às pressas, recolocando atabalhoadamente as roupas. Um cena! Os dois ocupantes que desceram deram um flagra neles. Ficaram rindo. Deviam se conhecer.

Agora notaram que o vigia estava ali, observando. Os dois últimos, ainda rindo, vieram até ele, deram um olá e entraram no prédio. Ele retornou para a guarita e ficou cuidando no monitor. O casal veio. Deram um boa noite afetado e exagerado e o vigia respondeu formalmente, como se nada tivesse acontecido.

Não tinham certeza se ele havia visto também. De qualquer maneira, ele não diria nada a ninguém sobre o assunto, claro. Discrição é tudo na profissão de um vigia.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 27/02/2016
Reeditado em 27/02/2016
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