A viagem de volta

Acabei de chegar de viagem, e confesso um pouco exausta, mas muito feliz! Foi uma viagem rápida que me pareceu infinita.

Tantas lembranças...

De repente lá estava eu, ouvindo trilha sonora dos filmes de Charlie Chaplin e do nada, embevecida, entorpecida, como em um passe de mágica, embarquei...

Vi-me voltando no tempo em uma velocidade tão surpreendente que nem percebi ao certo quanto tempo durou! Quando me dei por mim, já estava lá!

Eu, criança, em um mundo recheado de memórias, lembranças e muitas histórias. Sentia-me tão feliz! Estava de volta à minha casa de infância, mais exatamente no quintal com seu pomar. Oh! Delícia!

Sol entre as árvores, passarinhada cantando, cachorro latindo, gato miando, eu e meu mundo totalmente infantil, sem problemas, nem maldades.

Resolvi entrar só para ver se estava tudo no lugar de antes.

E não é que estava?

A casa toda arrumadinha. A cozinha exalava o cheiro de pão fresco assando no forno.

Hummmm ... Enchi a boca d´água!

Fui entrando, atravessando corredores, correndo mesmo, quase levando tapetes até que cheguei à sala.

Estava como sempre impecável. Mesa de jantar com toalha de linho branco bordado, e as cadeiras também revestidas em seus encostos com tecido de mesmo padrão.

Um vaso ao centro, repleto de flores, espalhava o aroma da infância.

Fui adiante, de quarto em quarto... Arrumação ímpar!

O meu, com a caminha do cachorro sobre o tapete logo abaixo da janela. As cortinas, entreabertas, deixavam à disposição o verde e o ar puro que entrava. De lá eu via o sol nascer!

Lá, na minha viagem, era domingo com certeza, pois papai estava em casa e cheguei a ouvir o som que vinha da vitrola tocando "Sonho de Amor" de Liszt, um de seus preferidos.

Ah! Ali estava ele, sentado em sua poltrona de ler! E lia... Nem os óculos ele usava ainda! Era mesmo a volta à infância!

Saí de lá apressada, queria ver a rua e, em meio à minha alegria, esbarrei em mamãe, ocupada com seus afazeres.

Estava linda! Cheirosa, cabelos pretos, lisos e longos, e já foi logo dizendo: Cuidado, não corra assim, vai cair menina!

Fui até a varanda e logo vi o portão. Queria ver a rua, mas parei, não pude resistir ao perfume e o frescor que vinham das rosas que floriam no jardim de mamãe.

Ouvi barulho, o burburinho da criançada, aí sim, me dirigi ao portão e me deliciei!

Olhei demoradamente a meninada brincando na calçada! E como olhei...

A visão da rua, com árvores, crianças, risadas.

Trânsito? Que nada! A rua de casa, serena, tranquila.

Como nos velhos tempos! Calmaria total!

E, maravilhada, eu me perdia com a visão do horizonte colorido que sem prédios se delineava.

As casas da rua, apenas casas, crianças e árvores!

Tudo estava exatamente igual!

Como antes! Como sempre.

Como ficou na minha lembrança!

Que viagem! Que passeio!

O telefone deve ter tocado, só pode!

Mas qualquer hora, quem sabe ?

Ainda volto e aproveito para brincar um pouco e conversar temas diversos com meus pais, alguns que ficaram sem o final da prosa.

Quem sabe?

A infância é coisa linda!

Estou aqui no agora, onde o mundo que pulsa está!

No presente e no futuro!

Mas....Quantas lembranças!

Mamãe, Papai, que saudade de vocês!

Eliana Braga

Gaivot@

09/04/16

Eliana Gaivota
Enviado por Eliana Gaivota em 09/04/2016
Reeditado em 10/04/2016
Código do texto: T5600052
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