Contando Os Minutos

Nem sempre as coisas acontecem como deveriam acontecer. Isto para a cabeça normal de um atendente de farmácia, que é o meu caso. Em pleno sábado de Carnaval, entra uma senhora com um calhamaço de receituários nas mãos e querendo ser atendida com um “diferencial”, segundo ela de “cliente especial”, pois nunca compra seus medicamentos em outro estabelecimento. Veio caminhando em direção ao meu balcão e falando sem parar. Figura conhecida pelos comentários indiscretos que costumeiramente espalha pelos comércios da cidade. Com aquele sorriso “amigo” perguntei de imediato o que ela estava precisando, já retirando a caneta que sempre mantive atrás da orelha. Ela colocou as receitas sobre o balcão e me pediu desconto antes mesmo de desenrolar a papelada que trouxera. Pensei: “Hoje vai ser dose...” Logo atrás desta senhora havia uma fila de gente esperando. Havia um rapaz com intensos sinais de bebedeira. Precisava ser breve nos atendimentos.

Pedi ao colega do lado uma forcinha, mas ele respondeu-me que precisava esperar, pois estava despachando caixas com o motoboy. Olhei as receitas amassadas e percebi que só podiam ser vendidos os medicamentos com a apresentação do RG.Ao solicitar o documento, veio outra ladainha! “Mas até cliente especial tem que mostra RG? Que absurdo!”. Bom, a fila crescendo e para agilizar falei com ela que era exigência mas a confusão já estava armada. O gerente percebendo meu desconforto diante daquela “plateia”, aproximou-se e enquanto lhe informava a freguesa falava junto. Ele resolveu levá-la para um outro balcão( para a minha salvação), enquanto o rapaz que estava atrás da senhora “polêmica” caia desmaiado. E o carnaval apenas começando...vai ser animado este ano...

Sandra Sampaio