Morangos à beira do abismo

Quem lê os meus acanhados textos deve ter notado que sempre cito uma frase: "A esperança é o sonho do homem acordado", e com menos intensidade outra de Cronin: "O inferno é o lugar onde ser perde a esperança".

Sou meio cabreiro com a euforia, e excitação, o frenesi, o frisson dos otimistas exagerados, prefiro a sobriedade da esperança. A mim repugna a mania de grandeza, o ufanismo exarcebado, o otimismo boçale burro, ossurtos de unanimidade e,sobretuido,a renúncia a utopia. Achoque sem uma utopia nãi se vive,se vegeta. E a esperança é a viga mestra da utopia.

Gostaria de tentar ilustrar mais esse assunto,a prevalência da esperança sobre o otimismo, mas me falta o talento e por isso, hermanose hermanas, vou apenas transcrever um texto de um saudoso professor e escritor que não sou disseca mas ilumina quem luta pela democracia e por um mundo mais justo, sobretudo nos momentos mais difícies como o que estamos atravessando.

Otimismo e Esperança

Rubem Alves

"Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. Otimismo é quando sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era a esperança. São suas as palavras: ' e no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível'. Otimismo é alegria 'por causa de', coisa humana, natural. Esperança é alegria 'a despeito de', coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo que temos, morangos à beira do abismo, alegrias sem razões. A possibilidade da esperança".

Peço aos amigos e amigas do RL quwe reflitam sobre esse textode Rubém Alves. Inté.

Dedico a todos vocês,em especial a Maria Mineira.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 23/04/2016
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