Sobre Títulos

Tenho um sério problema com títulos.

Por várias vezes, demoro mais para por título em um texto do que para escrevê-lo. Minhas poesias, na sua grande maioria, são sem título. Para publicar no Recanto, por exemplo, tenho de dar nome às crias. Como dar título a um poetrix, a um hai kai se eles já são, basicamente, um texto-título?

A Rachel tem uma crônica chamada “Sobre duas coisas”. Eu li e depois comentei com ela: “Como assim, sobre duas coisas? Você fala sobre um monte de coisas!” Ao que ela me respondeu: “É a obrigação de por título. Não pensei muito.” Pronto, descobri mais uma que sofre desse mesmo mal.

Já o William tem o dom natural de batizar nossos rebentos. Creio que 101% das nossas produções foram batizadas por ele. Claro que há sempre muita discussão, muito debate. Eu dou palpite, a Vany também. Mas, sempre chegamos ao que consideramos o melhor para todos.

Já houve ocasião em que eu tinha uma palavra na cabeça. E a palavra fervia meus miolos. Me deixava louca. Acordava de madrugada com a palavra piscando num letreiro em néon na parede do quarto. Que coisa! Aí, uns dias depois, escrevia um poeminha e lá “tava” a palavra, no meio do poeminha ou, empuleiradinha lá em cima, figurando como título.

Filho, às vezes, já chega na fecundação ostentando um nome. Foi assim com minha filha Lara. Como eu gostaria de me chamar Lara e não tive esta felicidade, já sabia que teria uma filha com este nome. As minhas outras filhas, quando nasceram, já tinham nome e sobrenome prontos. Mas, já vi situações em que a criança recebeu um nome quando já contava com duas semanas ou mais de nascida. Os pais não conseguiram, em nove meses, chegar a um nome que fosse ao gosto de ambos. Neste aspecto, nominar textos passa a ser mais fácil, já que é só uma cabeça pensando. Mas o dito de que “duas cabeças pensam melhor que uma” também pode tornar a tarefa de dar títulos mais fácil. E, então, voltamos ao mesmo lugar...

PS: Mãe, eu gosto muito de chamar Margarete.