Dez anos de aprendizagem

     Faz mais de ano que não compareço às reuniões do Grêmio Haicai Ipê, referência no meu aprendizado do terceto sazonal. Foi inevitável recordar a primeira vez que aqui estive, em agosto de 2005, após conhecer alguns participantes no Festival do Japão daquele ano e receber o convite para visitar o grêmio, em uma de suas reuniões.
     Não conhecia ninguém, pessoalmente. Meu contato era apenas através do envio mensal de meus poemetos para a página, Pétalas ao vento, de Edson Kenji Iura, no jornal Nippo-Brasil e para o Grafitte, para onde enviara meus haicais desde 2004.
     Foi do Edson que recebi o convite para o Festival do Japão, 2005, onde tive a oportunidade de conhecer, Murata, Douglas, Hazel e o próprio Edson, que me convidaram a comparecer à próxima reunião do Ipê, no primeiro sábado de agosto. Só então tive oportunidade de conhecer Teruko Oda. Fui carinhosamente recebida por todos.
     Hoje, após dez anos, somados à experiência na composição do haicai clássico, com sete livros individuais, organização de cinco antologias dos dois grêmios de haicai que fundei e coordeno; participação na Lista Haicai-L, na Cidade do Haicai e outros, sei muito bem o que é haicai.
     Faz um ano que, atendendo a pedidos, criei a página, “Grêmio Haicai Sabiá – Oficinas virtuais” – grupo fechado, somente para a produção do grêmio, onde são distribuídos 3 temas, a princípio, quinzenalmente. Mas, as pessoas queriam publicar seus haicais, além daqueles das oficinas. Criei então, a página “ Haicai & seus ascendente e descendentes” – grupo público, onde todos os participantes podem publicar à vontade.
     Subindo as escadarias da estação do metrô Vergueiro, minhas lembranças foram projetadas na memória: nossas reuniões à Rua Fagundes, os Encontros do Concurso Brasileiros de Haicai, em especial, o 17º, o primeiro do qual participei e fui classificada em primeiro lugar, a festa do Tanabata, à Rua Galvão Bueno, as antologias com haicais do Ipê, no site kakinet, as viagens de ônibus seis horas para ir e outras tantas para voltar, em 24 horas, as contemplações da lua no templo do monge haicaísta, Francisco Handa e até os amigos com quem discordamos na maneira de ver o mundo, em eternas transformações...Todas estas lembranças me transmitem um vazio dolorido, pois, sei que nunca mais voltarão a ser tal qual antes. Entretanto, a minha saudade sei que será cada vez maior.
     Tudo isso me fez sentir um grande vazio na saudade daqueles que partiram, entre eles, Alberto Murata, um grande amigo, adepto do rigor formal, o Mestre Goga com quem estive em duas ocasiões, no Sítio do Bugre, da amiga Teruko Oda... Mas, também daqueles que mesmo continuando entre nós, neste mundo em aperfeiçoamento, perdemos o contato..

Benedita Azevedo
Centro Cultural São Paulo-SP, 1º de agosto de 2015, às 13 horas, enquanto aguardava a reunião do Ipê.
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 31/08/2016
Reeditado em 31/08/2016
Código do texto: T5746429
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