Vou embora? Digo adeus?

(...) Não dá mais para ficar imaginando encontros enquanto você se esforça para que nos desencontremos. Você não vai mudar, não quer. nunca cogitou. Eu nunca pedi para que mudasse, porque, afinal, foi tudo coisa da minha cabeça. Para ser sincera, nem acho que deva mudar. Te conheci assim, exatamente desse jeito. Ao invés de encarar de uma vez quem você era, resolvi romantizar confabulando como você seria caso não fosse quem é. Eu que quis enxergar sentimentos onde não havia. Eu que fingi para mim mesma estar satisfeita com trocas de olhares e nada mais. Fui eu quem criou expectativas sem embasamento algum. Fui eu quem achou que seria (e desejou muito ser) aquela que mexeria com seu coração de terra infértil. Onde nada é capaz de nascer e ser cultivado, mas só porque você nunca demonstrou mero interesse em cultivar.

É culpa minha, no fundo eu sei. Criei um você que não existe, nunca existiu e nunca existirá. Isso deve ser o resultado de todos os romances que li e assisti. O você que eu inventei e romantizei para mim é melhor que o você de verdade. E eu os confundi erroneamente. Trouxe uma invenção para a realidade e, o que era real, empurrei para de baixo do tapete. Mas uma hora a poeira levanta. (...)

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Milena Farias
Enviado por Milena Farias em 13/10/2016
Reeditado em 16/01/2017
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