Chapecó.

Sempre gostei de Santa Catarina, mas nunca havia estado em Chapecó.

Naquela manhã, porém, não pude deixar de sentir-me lá. Meu coração estava lá.

Não tenho hábito de assistir futebol. Não tenho time. Não acompanho. Porém, nunca em minha vida me vi tão envolvida com uma equipe futebolística.

Não lamento o campeonato internacional que não houve. Isso o corpo restante do time tratará de tornar possível. Aquele avião interrompeu vidas, derrubou sonhos, conquistas. Causou muita dor aos familiares e amigos. Separou muitas mães e pais de seus filhos. Impediu filhos de conhecerem seus pais.

Chorei, mesmo se tratando de pessoas que não conheço.

Torci, mesmo não tendo gosto por futebol. Torci para que as famílias que perderam seus entes superem sem muito sofrimento. Torci pela recuperação dos sobreviventes. Torci para que não ocorram mais acidentes aéreos...

Calei. “Um minuto de silêncio” antes do jogo ou em encontros memoriais, os jornais anunciavam. Eu em casa, no sofá, acompanhava aquele momento, de olhos fechados, orando concentrada, como se eu estivesse lá, na tentativa de somar energia de esperança, afeto, carinho, amor.

Não me sai da cabeça aquela cena dos atletas alegres, sorrindo, cantando, dançando, pulando, gritando, comemorando... Uma cena feliz que traz tristeza, que dá vontade de chorar. Uma cena feliz que pode estar se repetindo lá no céu, alegrando os anjos, enquanto por aqui muitos choram a ausência daqueles sorrisos, pois “Somos todos Chapê!”.

Joalice Dias Amorim (Jô)
Enviado por Joalice Dias Amorim (Jô) em 29/01/2017
Reeditado em 14/03/2017
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