Afogado
Certa vez, despertado dos momentos irreais e inconscientes, deu-se por perceber que, em alguns válidos anos já vividos, em todo momento vivera um papel que pensara ele ser o próprio: ser natural de personalidade condizente. Porém, horrorizado, descobrira que, tão arraigado fora a este personagem, que havia tanto tempo a crer em tal questão e se tinha iludido, esquecendo do seu verdadeiro traço. A voz, outrora tão sadia, cá tão prontamente muda e silenciosa; o rosto, tão vivo e aberto, agora impassível, ora ou outra acanhado; as unhas sujas e as mãos mortas.
Desconhecido e tremendamente apavorado de estar vivendo um outro personagem sem se dar conta...