Afogado

Certa vez, despertado dos momentos irreais e inconscientes, deu-se por perceber que, em alguns válidos anos já vividos, em todo momento vivera um papel que pensara ele ser o próprio: ser natural de personalidade condizente. Porém, horrorizado, descobrira que, tão arraigado fora a este personagem, que havia tanto tempo a crer em tal questão e se tinha iludido, esquecendo do seu verdadeiro traço. A voz, outrora tão sadia, cá tão prontamente muda e silenciosa; o rosto, tão vivo e aberto, agora impassível, ora ou outra acanhado; as unhas sujas e as mãos mortas.

Desconhecido e tremendamente apavorado de estar vivendo um outro personagem sem se dar conta...

Calor do cão
Enviado por Calor do cão em 03/08/2007
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