36. Monstros

Qual é o maior pecado que um ser humano pode cometer?

Dentre as tantas regras impostas pelo mundo, quais as que devemos obedecer?

A angústia do pensar é um fardo entorpecente, adicione ao ato algumas garrafas de café, algumas horas de sono perdidas e a ansiedade descontrolada de uma pateta e terá o vislumbre cômico de um idiota que mal consegue respirar, em prantos num canto qualquer, despedaçado.

Não ser fiel a si mesmo, este é o pior pecado. E de todas as regras existentes, eu escolho quais deixo de lado. Regras de etiqueta à mesa, tão tolas. Regras de cumprimento, tão superficiais. São tantas, estas regras formais, frutos da mania desnorteadora de querer dar a tudo um toque civilizatório.

Regras massantes que pesam, que tiram o brilho de viver, em nome de uma noção desfigurada de civilização, regras que desdenho, que revogo, que lanço ao lixo, a fim de que minha mente possa, ao menos um pouco, respirar o ar puro de pensamentos livres dessa falsa vaidade.

Pura vaidade! Maquiagem! A podridão, contudo, é irremediável. Seu aroma, ostensivo. Por trás de tantas máscaras, existem tantos monstros, somos, nós indivíduos, todos tão parecidos, ao final. Monstros disfarçados de seres humanos.

“E você, é fiel a si mesmo, monstro?”