A DOR, A CRUZ E AS LÁGRIMAS

Quando minha querida quando sentires exaurida, aflita, preocupada ou deprimida:

Senta-te, em solidão, fecha a porta dos sentidos, relaxa e mergulha em silêncio para dentro, e bebe a seiva da fonte interna, que tu mesma és.

Querida, venho falar-vos hoje da vossa dor, da vossa cruz, das vossas lágrimas: da vossa dor, porque ela é a vossa luz; da vossa cruz porque ela representa para vós a missão que, apesar dos embates, deveis levar até o fim; das vossas lágrimas, porque elas são como rosas a se despetalarem em vosso caminho.

Não amaldiçoeis, portanto, nem a vossa dor, nem a vossa cruz, nem tão pouco as vossas lágrimas.

Falar-vos da vossa dor é falar bem junto ao vosso coração, e murmurar para ele, assim, baixinho:

- Coração! Tu que sofres, coração, tu que sentes a dor profunda avassalando-te, tu te sentes cansado, coração, mas vê bem que a Misericórdia de Deus é infinita e se te sentes cansado, exausto mesmo, às vezes, e sentes que se parasses talvez deixarias de sofrer, coração, crê na Misericórdia Divina, que faz com que o teu ritmo mude a cada instante, que faz com que teu ritmo, teu bater compassado, seja a cada bater uma forma diferente da vida e venha renovar a tua própria força. Vê que em teu bater compassado e por vezes cansado mesmo, tens a oportunidade de renovar as tuas energias, de lançar mais adiante os teus olhos e te sentirás mais forte para o amanhã, porque, coração, se por vezes a força te falta, se tiveres dentro de ti a Fé em Deus, este cansaço desaparecerá. Coração se te sentes cansado de sofrer, renova a tua Fé.

É ela, a tua Fé, que se sente cansada e exausta.

Renova-a porque ela, coração, é a tua própria vida.

Falar à vossa dor é falar assim, querida, porque na realidade a dor jamais é demasiada para a alma que a tem de sofrer; ela é medida, pesada na balança divina e não tem nenhuma grama a mais do que a força que possuis para levá-la até o fim, porque Deus, na Justiça Infinita, não vos poderia dar um encargo superior às vossas forças. Portanto, quando vos sentir cansada, quando vos sentir exausta, não é a vossa dor que é demasiada, é a fé que vos falta, é o

coração que está deixando apagar dentro de si esta chama magnífica que aquece e orienta no caminho da vida.

Falar-vos da vossa cruz é falar-vos da missão que vós próprios colhestes. Como pois, hoje, renunciar, deixar de lado aquilo que as vossas próprias mãos foram buscar, ávidas, pressurosas, porque sabiam que o que buscavam era o tesouro infinito para se tornarem eternamente ricas da Graça de Deus.

Abraçai-vos ao Cristo, abraçando a vossa cruz.

Falar-vos das vossas lágrimas é falar-vos das asperezas do caminho. Mas que importam elas?!

Se, diante de vós, um horizonte novo se descortina, porque, querida , à medida que sofreis, a alma ascende, se torna capaz de compreender não somente as vossas próprias dores e de vencê-las, mas, sobretudo, e mais do que tudo, de compreender as dores alheias e tornar forças e ter luzes para aqueles que sofrem possam também compreendê-las.

As lágrimas são como uma chuva benéfica que prepara a terra árida e seca do coração humano.

Minha querida, tu venceste as dores e as asperezas da jornada. Tu já conseguiste levar até a metade do calvário a tua cruz e quantas lágrimas, através da tua estrada, já transformamos em pétalas de rosas!

Uma coisa nós somente temos para te dizer: minha querida que me escutas, continua, prossegue. Do alto da tua cruz, tu verás os caminhos atapetados de flores e através das dores que sofrestes já te vencestes a ti mesma.

Eis porque muitos não batem em portas diferentes, quando a Misericórdia Divina tenta lançar a luz sobre os que têm olhos cerrados e tentam as palavras do Cristo soar aos corações dos que ali se reúnem e estas mãos ávidas procuram a água e não a encontram.

Vós, benditos sois. Já tendes olhos para ver e ouvidos para ouvir. Antes de ouvirdes as palavras do Cristo, já as sentistes soar dentro do vosso coração. E é por isso que, por um milagre da vossa Fé, podeis estender a mão e colher da Luz Divina e saciar a vossa sede de Amor e de Justiça. Benditos sejais, se, na humildade, já podeis desvendar o Amor "Único de Deus: que Ele vos inspire sempre para o Bem."

Que assim seja!

Jaubert
Enviado por Jaubert em 08/08/2007
Código do texto: T597866