Pobre homem rico na calçada

Ali estava ele estendido na calçada do bar. A noite estava fria, plena noite do final de abril, 22h45 minutos, bem frio e muito vento gélido às margens da represa bíllings. Do outro lado pós balsa, tinha vindo de carona com professor e desci por ali para aguardar meu transporte cotidiano , aos passos trôpegos devido minhas fortes dores nas articulações. Quando vi estava próximo dele, tive que desviar, pois alguns cães de rua prepararam para me atacar ferozmente, um fica ao lado do homem caído na sarjeta, e os dois cães se direcionam ao ataque! Não mostrei medo e fui bater um papo com o colega professor em sua moto.

Trocamos algumas ideias e observamos o amor dos cães pelo homem caído, um deles ao seu lado enquanto dois faziam a vigilância, após estes animais constatarem que ele não corria perigo algum, deitaram ao seu lado, com certeza para aquecer o pobre ébrio.

Comentamos que este senhor enquanto sóbrio tinha feito um profundo laço de amor com estes animais, e eles sempre mostrando seu lado de fidelidade, amor e proteção.

Este pobre homem, nunca tinha visto, não sei de sua vida, se tem pai, mãe, filhos ou netos. Sua vida deve estar uma calamidade, pois fizera companheira a cachaça para tentar sair da triste realidade. Enquanto a chuvinha caia, veio a balsa e seguimos nosso destino, deixando para trás o pobre homem com seu destino, mas tendo consigo o amor de uns seres irracionais que muitas vezes são mais fiéis do que nós humanos.

Interessante que este homem fez parte de minha história, mesmo sem conhecê-lo, em nosso andar diário vamos acumulando seres que sem pedir licença entram em nossa memória e em algum lugar fica arquivado por ali. às vezes fatos bem distante voam numa velocidade estrondosa e mexe com nossas emoções, fatos tristes, alegres, ou simples inutilidade que colecionamos em nosso labor diário. Nunca estamos sós, como já dizia o sábio pensador, em nós somos muitos e isso que conduz para alicerçar nossa identidade cultural, como as regras da vida,os valores sociais e religiosos. Como é salutar quando alguns fatos antigos nos visitam em nossas lembranças nos trazendo alegrias, e em seguida abençoamos estes seres que nos fizeram bem, sei algum leitor não sabe, mas a origem da palavra benção é falar bem de alguém. Mesmo as lembranças ruins da vida sempre nos fisgam para uma reflexão e sabedoria serão seus frutos.

O homem ébrio, segue seu caminho, seu destino sua sina, talvez nunca mais o veja, mas este simples fato ficou impregnado em minhas lembranças. Ele é pobre materialmente mas é rico por ser amado pelos animaizinhos!

Ósculo e amplexos!