Machismo de antigamente

Sou um saudosista inveterado. Não sei viver sem evocar o passado. Mas não nego os preconceitos e tabus daquele tempo. Nunca vou negar que, além da violência usada pelo governo para sufocar qualquer tipo de oposição, outro absurdo era o machismo exagerado, radical e, não raro, violento. À mulher só ficava com direito, o de dizer cala a boca menino e xô galinha. Sim, até o começo dos anos 60 a mulher só tinha uma função: administrar a casa, cuidar dos filhos e ser submissa total ao marido.

E não ficava só nisso, rara era a mulher casada que o marido permitia se submeter a um exame ginecológico. Lembro-me bem de ter ouvido várias vezes a seguinte frase absurda: - Macho nenhum, pode ser o melhor medico do mundo e confiável, vai ter o direito de ver as partes de minha mulher. Até os partos mais complicados eram feitos por parteiras. Muitas mulheres morreram por causa desse tabu, preconceito, ignorância, machismo irracional.

Vou contar um fato verídico que seria até cômico se não fosse trágico. O doutor Lívio Valença era um médico mito respeitado, humanitário e de absoluta confiança do povo da minha Regão, principalmente de Pesqueira e São Bento do Una, foi várias vezes deputado estadual. Pois bem, uma mulher, esposa de um dos seus eleitores mais féis, adoeceu e como nao melhorou logo, o marido consentiu que ela fosse se consultar com o doutor Lívio. Mas foi junto. A mulher se deitou na maca, o medico a auscultou, tirou a pressao e, claro, começou a apalpar o seu abdomen, o marido desconfiado e aflito, quando doutor Lívio quis apalpar mais embaixo, o cara disse meio rude: - Doutor, dai em diante eu "incarco" e o senor pergunta. Foi dessa maneira o restante do exame. Detalhe: a mulher ficou boa. Mas o caso prova o absurdo do preconceito de uma época.

Hoje a situação da mulher melorou muito, mas ainda existe preconceito, não como antigamente, mas o machismo ainda persiste. Inté.