A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé e atividades ao ar livre


Na imagem ilustração meu lindo e amado sobrinho
Humberto Cabral de Siqueira

 
RELÓGIO MARATONISTA 
Ysolda Cabral
 
 
Algumas cismas sei que tenho. Sei também que não me chateio fácil, porém tem coisa que mais parece feita, encomendada para tirar a gente do sério e nos deixar irritados ou, em alguns casos; literalmente quebrados. - Senão vejamos:

Comprei um apartamento onde todas as tomadas foram instaladas em lugar estrategicamente inviável para qualquer necessidade e, ou, decoração. Considerando que numa compra dessas, para quem não tem caixa II, e jamais recebeu, recebe e nem receberia propina de espécie alguma, a gente fica totalmente sem grana e lança mão do improviso. Foi o que aconteceu comigo ao me mudar para o apartamento onde moro: lancei mão de extensões com fios quilométricos. Resultado; os fios vivem se enrolando nos meus pés e já me levaram ao chão várias vezes. Só não conseguiram quebrar a minha cara posto que, esta eu mesma costumo quebrar sozinha.

Quando levanto durante a noite para ir ao banheiro, ou à cozinha, sem ascender às luzes, até entendo eles me pegarem, mas com as luzes todas acesas, ou mesmo a luz do dia?! - É praga! Devo ter feito alguma coisa para merecer tamanha perseguição.

E, como se não bastasse os fios das extensões para atanazarem a minha vida, agora arranjei um relógio de ponto que resolveu, propositadamente, ser maratonista pela manhã, pois corre com a hora que nem louco desvairado, somente para me fazer registrar o ponto com atraso na chegada, – nem meu sobrinho Humbertinho corre tanto! Quanto à saída, ele anda quase parando, capengando, se arrastando... - Vê se pode! Tudo isso por pura maldade, despeito, ou forra, porque somente agora, depois de aposentada, dependo dele para receber o meu salário, sem descontos, no final do mês. Ele devia era ter dó de mim e andar devagar para me dar tempo de chegar ao trabalho e depois, aí sim, correr bastante durante o expediente para eu ir logo para casa descansar. Afinal, depois de mais de trinta anos de trabalho, me aposentar e ter que continuar a trabalhar é mesmo uma coisa muito triste, muito triste!

Agora, os meus colegas que estão prestes a perder a esperança de um dia se aposentarem, - mesmo tendo que continuar trabalhando depois de aposentados -, sofrerem com os despautérios de um tolo e vingativo relógio de ponto; não acho isso justo. – Ah, não acho mesmo!  
 
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Praia de Candeias-PE
Porque hoje é domingo
18.05.2017
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
triseza, ou saudade sem pudor.


Atenção! Crônica c​​​​om fundo musical...
Para escutar clique no link abaixo:

http://www.ysoldacabral.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=6011517