Como já disseram as músicas. - EC

O antigo hábito de observar o mundo ao redor, costuma render algumas reflexões, como recentemente durante o almoço notei a atenção dispensada por um grupo ao telejornal esportivo, discutindo a legalidade ou a genialidade de um gol no último final de semana. Em seguida o telejornal, em tom de pesar, anunciava mais uma vítima de bala perdida, ao que um deles apenas inclinou a cabeça em direção ao aparelho “ ih “ Mais um “, para em seguida retomar o comentário da façanha do jogador.

Impossível não lembrar Joao Bosco “ Tá lá o corpo estendido no chão, em vez de rosto a foto de um gol “.

Provavelmente todos encontrarão em sua memória, ao menos uma situação em que vivenciaram o descaso para com a vida do nosso semelhante.

Infelizmente já vi, a perda do interesse e da emoção quando alguém explicou que o corpo era de um andarilho morador de rua. Tristemente assumo que já segui algumas vezes para minha rotina diária, passando por alguém que jamais chegou no seu trabalho, sem sequer lembrar-me de uma oração.

Fácil lembrar de Chico Buarque :” E se acabou no chão feito um pacote bêbado...Morreu na contramão atrapalhando o sábado”.

Cada vez que tratamos o assunto como um problema político, governamental, nos poupamos de exercer a própria responsabilidade. Neste como em diversos outros temas, é preciso lembrar que os políticos representam uma sociedade, motivo pelo qual toda mudança deve partir de nós, como diz nossa constituição: Todo poder emana do povo. Por que esperar que atitudes dignas em nosso país, partam exclusivamente “deles”? “Eles “ não priorizam a educação, a saúde e a segurança, na mesma proporção em que “nós” dirigimos após beber, deixamos um vaso no beiral da sacada, ultrapassamos a velocidade permitida ou ignoramos o vermelho do semáforo.

Acredito que para mensurar cada vida brasileira, devemos individualmente valorizar mais a importância do outro humano, tenha ele o que tiver, seja quem for ou de onde for. Que as cruzes que ocasionalmente surgem nas praias de Copacabana, Pina ou Natal, não sejam meros números, mas perdas efetivas, que justifiquem um debate, muito mais do que um belo gol.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Quanto Vale uma Vida no seu País?

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