Vinho e adoçante

Tenho alguns amigos que realmente, diferente de mim, conseguiram adquirir uma certa sofisticação no que tange a hábitos requintados, inclusive no tocante a vnhos finos. Um deles, o mais metido a cosmopolita em compotas, parece até um enólogo famoso dissertando sobre vinhos finos, seus sabores, teores, uvas e o escambau, só vinho do estrangeiro. às vezes quando ele e os outros estão debatendo pecualiaridades de vinhos finos, eu tiro a revistinha do bolso e começo afazer palavras cruzadas, afinal não manjo nadinha dos vinhos finos.

Esse cara, o metido a enólogo de marré-marré, se divorciou há pouco tempo e casou de novo, Está apaixonadíssimo ela nova esposa. Para apresentá-la aos amigos está promovendo jantares, nos quais apresenta oficialmentesua nova "rainha" (era assim que chamava a ex, "minha rainha". Já convidou alguns, um por um, nada de todos juntos. Eu não fui convidado, nem ainda e nem vou ser nunca. Motivo:sou sincero demais, quando ele me comunicou o divórcio e me disse que ia se casar com uma uma jovem de 25 anos, ele tem setenta e tarará, eu lhe disse qe ele ia fazer um péssimo negócio. Amigo deve dizer o que pensa, além do mais sou amigo da ex dele. Mais: disse na cara dele que ele não tinha fogo pra nova rainha, além de deixar no ar a descnfiança de que ela podia não ser cosmpolita... Mas fiquei na minha, não perdi o amigo, mas ele ficou triste comigo. A vida é assim. Deixei pra lá o assunto, até me esqueci, até que ontem outro amigo veio me visitar de surpresa e só pra me contar que tinha ido a um jantardo enólogo em compotas...

Esse outro amigo é um sujeito discretíssimo, tem muita cultura, é viajado, mas não conta vantagem e é até muito calado. Mas disse que se sentiuna obrigação de contar algo sobre o tal jantar. Segundo ele, estava tudo nos conformes, toalha rendada, luz de velas, comida nos trnques e, claro, uma garrafa de vnho francês, vinho fino. Depois da apresentação da nova rainha, muito falante e, confidenciou, se ficasse calada era uma poeta, começaram o jantar, o sujeito eogiou o vinho, começou a servi-lo, botou na taça do visitante, na da esposa e na dele o líquido francês, mas aí, olha o aí, a nova rainha deu uma de enóloga, olhou para a taça e fez uma caretinha dizendo:

- Mô, vai buscar o adoçante ou um tiquinho de açúcar preu botá no danado desse vinho que nao gosto de bebida azeda.

O danado é que o cara foi buscar e ela adoçou o tinto francês e tomou. O maridão, apesar da luz ser de velas, ficou mais vermelho que pimentão,mas continuaram o jantar e enveredaram pela literatura.Foi quando a rainha foi pro som e botou primeiro Anita e depois Nego do Borel,bem alto que não dava pra conversar. Mas quuem iria contrariar uma rainha? O convidado viu que era preciso dar o pira, a música o estava incomodando, e começou a despedir. O anfitrião levou-o à porta e antes dele sair pediu quase suplicando:

- Meu irmão, não cnte nada desse caso do vinho com adoçante aos amigos, principalmente a Dartagnan.

Ri que embolei, tomei ate uma bombada de Berotec, estou doido para encontrá-lo e perguntar se em vinho pernambucano se pode botar uma collherzinha de açúcar.

Bao jeito para metido a elitista, n caso desse amigo, além de metido a elitista é burro. Estou dizendo isso porque ele tinha um ótimo casamento e jogou fora. Mas até fiquei simpatizando com sua nova rainha, ela é autêntica. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/08/2017
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