39. Poucas Palavras

Pois bastam algumas poucas palavras, como basta uma rede em um dia ensolarado, ou um chá em um dia chuvoso de Novembro, para que sejam em mim resgatadas as mais sinceras carícias d’alma.

Em um tempo distinto, a amargura havia se instalado em meu castelo, e batia pregos nas paredes, constantemente, deixando marcas indeléveis em seus corredores... e lá estão, tais marcas, mas agora como obras do passado, indiferentes ao presente, ostentando o que há de mais deleitoso na vida – o efeito do tempo sobre o ser que trilha a vida de mãos dadas consigo mesmo.

Pois bastam algumas poucas palavras, palavras dela, de uma moça que recuperou em mim a esperança de dominar a solidão a dois, de estabelecer um diálogo profundo, resistente ao tempo – talvez seja só um sonho, mas não há por que não sonhá-lo, a amargura se foi, e a doçura, doçura de sentir essa visceral atração de mentes, é minha nova hóspede.