40. Dois rios
Como se fosse guardiã de minhas próprias chaves, a fugacidade de seu olhar derrete as correntes mentais da rotina de pensamentos. Uma verdadeira tempestade que desarma a mais rígida das defesas mentais, rompe a soberania de minhas emoções e estabelece a anarquia por cima de minha racionalidade casual.
A quem atribuo tamanho poder? A musa de meus sonhos dança com a elegância de quem está sempre a procura das fronteiras de seu ser, que tem a mesma alma transbordante que a minha, fazendo dela um núcleo de um planeta, rodopiante, distribuindo toda essa força motriz pela extensão de seu corpo.
Potente e serena, a sua presença me parte em dois rios, um plácido ribeirão e uma violenta cascata, mas não mergulho em nenhum deles...
Sento às margens e a observo dançar.... Isso basta.