Durante quase dois meses acompanho
a rotina de um casal de Canarinhos da Terra,
que fizeram ninho, em uma casinha de madeira na minha varanda.
Testemunhei centenas de voos, idas e vindas trazendo no bico, fibras de coco, pequenos vegetais secos, com o quais teceram o ninho.
A fêmea já estava chocando, pois permanecia, longo tempo aninhada enquanto o macho, em alerta total, sempre por perto, exibindo seu trinado mavioso.
Não sei, se para marcar território, ou, que a fêmea soubesse que ele estava por perto garantido sua segurança, e a do filhote que nasceria.
Empolgada com a situação passei a alimentá-los, com um preparado especial de sementes para canários, água, dessa forma não necessitariam se ausentar por longo tempo. Surtiu efeito, pois permaneciam quase, o dia todo na varanda, só pernoitavam fora. Assim que o dia clareava eu era despertada, com a sonoridade de seus cantos.   
Ontem notei que, as fibras de coco do dito ninho já estavam aparecendo na porta da casinha, pensei, agora ela irá botar os ovinhos.
Contudo ao efetuar limpeza na varanda, hoje, tive uma surpresa, que estragou meu dia. Encontrei no piso um ovinho quebrado, dentro dele já estava se formando um canarinho, não contive as lágrimas!
Talvez com o passar dos anos, os sentimentos, sensações se tornam, mais aflorados nos seres humanos, já fui mais equilibrada nesse sentido, atualmente percebo em minha pessoa, uma certa fragilidade, incomodativa!
Não sei se há mais ovo no ninho, não dá para observar, o que sei, e que hoje o casal de canarinhos, só estiveram na varanda para se alimentarem, não os vi entrarem no ninho, não disputaram território com outros pássaros, tampouco os ouvi expressando alegria, na sinfonia executada nos chilreios.
E eu que amo pássaros, envolta, em clima de tristeza.


Nadir D’Onofrio
11-11-2017*SN-SP